Erradicação da pobreza: um imperativo humanitário
A erradicação da pobreza é um imperativo humanitário, que exige ação imediata e coordenada de todos os setores da sociedade.
A pobreza é um problema complexo e multifacetado, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Ela não conhece fronteiras, raças, religiões ou nacionalidades. Não se trata apenas de falta de recursos materiais, mas também da negação de oportunidades, dignidade e acesso a serviços essenciais.
A erradicação da pobreza não é só uma questão de cariz social, mas um imperativo humanitário. A pobreza gera sofrimento humano, perpetua ciclos de desvantagem e prejudica o desenvolvimento sustentável. Ela está intrinsecamente ligada a problemas como a fome, a falta de educação, a saúde precária e a desigualdade. Não afeta apenas quem vive nessa condição, mas também tem um impacto negativo nas comunidades e na sociedade como um todo.
A Cruz Vermelha trabalha incansavelmente na assistência humanitária a quem dela mais necessita, empenhando-se na promoção da resiliência e no fortalecimento das comunidades vulneráveis, com vista à promoção da autossuficiência. Trabalhamos para uma sociedade mais justa. Fazemo-lo através do acompanhamento individualizado de cada pessoa que nos procura, apoiando projetos de vida de quem se encontra numa fase mais vulnerável, ajudando a reconstruir e a recompor o seu futuro com dignidade, promovendo a igualdade de oportunidades e capacitando-a para a mudança e para a autonomia.
Neste trajeto comum que traçamos, temos muitos exemplos de superação, que nos orgulham, como o da Vanessa, que, apesar de ter nascido num bairro sem água ou eletricidade, e em que as crianças deixavam a escola na chegada à adolescência, traçou um destino diferente para si (com o apoio da família). Tornou-se dinamizadora comunitária, frequentou a universidade e o seu exemplo levou outros membros da comunidade a incentivarem os filhos a entrarem no ensino superior. Ou o da Carla, que foi acolhida numa das nossas casas de abrigo, onde se protegeu e aos filhos bebés de uma situação de violência doméstica. Ali, foi possível estudar e definir uma nova ambição, trabalhando hoje com afinco no apoio aos mais idosos e tornando-se independente.
Emanuel Kant dizia que o homem é a sua educação e as suas circunstâncias. Ambas são o exemplo de que, apesar dos desafios, as circunstâncias não definem o seu destino.
Mas, nesta data em que se assinala o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, importa sublinhar que, para se quebrar o ciclo de pobreza, é necessário um compromisso global. Governos, organizações sem fins lucrativos, empresas e indivíduos podem desempenhar um papel importante nesse processo. A cooperação internacional e o apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas desempenham um papel central na redução da desigualdade económica e social. A Cruz Vermelha apoia plenamente esses esforços e está comprometida em contribuir para o progresso em direção a esse ambicioso objetivo definido para 2030.
A pobreza é uma ameaça à dignidade humana e ao progresso global, e todos nós temos a responsabilidade de trabalhar juntos para a eliminar.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico