Activistas do grupo Climáximo acederam a um campo de golfe no Paço do Lumiar, em Lisboa, e inutilizaram os buracos, cimentando-os. A acção de protesto ocorreu na noite desta quarta-feira e foi explicada em comunicado. Além da inutilização dos buracos, as bandeiras dos buracos foram substituídas por outras com mensagens do grupo. Esta foi a mesma táctica adoptada pelo grupo num protesto em Julho passado num campo de golfe em Oeiras.
"Estes espaços, dentro da cidade, ao invés de serem convertidos em floresta, habitação, hortas urbanas, ou dados qualquer tipo de uso público, servem para o luxo dos ricos, à custa de uma quantidade absurda de água", diz um activista do grupo citado no comunicado. "São como uma torre de marfim onde os culpados por estas crises se escondem enquanto a população sofre com a seca e ondas de calor", prossegue o grupo.
Os activistas relembram a tragédia ocorrida na Índia na passada semana, depois de chuvas fortes e uma avalanche terem feito transbordar um lago glaciar. A região foi inundada, morreram mais de pessoas e dezenas foram dadas como desaparecidas, naquela que foi uma das piores catástrofes registadas na região em 50 anos.
"A crise climática transformou cada um destes lagos numa mina aquática, prestes a explodir e matar dezenas de pessoas à mínima perturbação meteorológica", refere o grupo. "Nós sabemos como parar esta guerra e instaurar a paz. E isso significa que as empresas, os CEOs e accionistas que gastam os seus lucros exorbitantes nestes campos de luxo têm que pagar a transição energética", reivindicam.
Para o Climáximo, “o lazer, a cultura e o desporto têm que ser acessíveis para todas as pessoas, não o luxo de uma elite”.
Que grupo é este?
Nas últimas semanas as acções de protesto do grupo têm-se multiplicado e captado atenção mediática, mas o grupo foi formado há já oito anos e têm promovido acções disruptivas desde, pelo menos, 2019. O Climáximo é um dos principais grupos que pretende chamar a atenção para a emergência climática e conseguir que o Governo adopte políticas amigas do ambiente.
A face mais visível do grupo mostra-se nos protestos de desobediência civil, com manifestações junto a empresas petrolíferas, interrupção no trânsito nas artérias das principais cidades ou contra governantes.
No passado domingo, 12 activistas foram identificados e detidos pela Polícia de Segurança Pública enquanto se preparavam para um protesto em Cascais. Em Lisboa, os activistas já bloquearam a Segunda Circular e a Estrada de São Bento, cortaram o trânsito na Avenida de Roma, pintaram a fachada da sede da REN de vermelho e este sábado partiram um vidro da mesma empresa.