Desinformação sobre ataques em Israel circula no X e Bruxelas pede a Musk medidas urgentes

O comissário europeu Thierry Breton pediu a Musk e a Zuckerberg que tomassem medidas quanto à desinformação sobre os ataques em Israel. Musk pediu ao comissário para ser mais concreto.

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O próprio Elon Musk já espalhou desinformação na sua conta POOL
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Desinformação e conteúdo violento dos ataques em Israel têm vindo a circular no X (o antigo Twitter). No início desta semana, a equipa de segurança da plataforma lançou um comunicado a dizer que estava a tentar combater essa crise de desinformação, mas a Comissão Europeia apelou a um esforço maior. O comissário europeu Thierry Breton pediu medidas urgentes a Elon Musk – mas o próprio já espalhou desinformação na sua conta. Mais tarde, o comissário europeu enviou também uma mensagem a Mark Zuckerberg a propósito da circulação de informação falsa associada à Meta.

Desde o fim-de-semana – quando começaram os ataques em Israel – que circula desinformação no X. Várias publicações têm sido assinaladas como falsas por equipas de verificação de factos. O próprio Elon Musk ajudou na disseminação de desinformação ao recomendar duas contas na plataforma que já eram conhecidas por espalhar informação falsa. Numa publicação, o dono do X disse que eram “boas” contas para seguir a guerra em tempo real.

As críticas seguiram-se logo após a publicação de Musk. Jornalistas e utilizadores da plataforma indicaram que uma dessas contas já tinha antes partilhado imagens falsas, geradas por inteligência artificial, de uma explosão do Pentágono e que outra tinha feito comentários anti-semitas nos últimos meses, refere a agência Associated Press, num artigo relativo à desinformação sobre os ataques em Israel.

Emerson T. Brooking, um investigador do Laboratório de Investigação Forense Digital do Conselho Atlântico (uma organização nos EUA que estuda desinformação), caracterizou à Associated Press uma dessas contas como “absolutamente tóxica” e que “regularmente publica coisas erradas e não verificadas”. “Uma guerra é sempre um caldeirão de tragédia e desinformação; Musk ainda piorou mais a situação.” Mais tarde, Elon Musk acabou por apagar a publicação com a recomendação dessas contas.

Entretanto, a equipa de segurança do X publicou um comunicado em que refere que está consciente de que tem de dar uma “resposta de alto nível” a esta crise, tendo em conta o aumento de publicações que se focam no ataque em Israel pelo Hamas.

Nesse mesmo comunicado, indicam-se algumas medidas. Numa delas, menciona-se que as Políticas de Interesse Público foram actualizadas e que os utilizadores podem escolher se querem ver ou não conteúdo sensível na opção “Conteúdo que vê”. Também se refere que foram tomadas medidas nas suas políticas ligadas a entidades violentas para que sejam removidas novas contas afiliadas ao Hamas. Deixa-se ainda o aviso de que se está em contacto com outros parceiros para que se evite a divulgação online de conteúdo terrorista e que as suas equipas estão a monitorizar “proactivamente” publicações com discurso anti-semita, bem como as que tenham conteúdo violento ou discurso de ódio.

Troca de mensagens entre Breton e Musk

A Comissão Europeia mostrou-se preocupada com a partilha de desinformação no X. O comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, apelou num comunicado divulgado no X a que Elon Musk tome medidas urgentes para combater a desinformação na plataforma. “Convido-o a garantir urgentemente que os seus sistemas são eficazes e a reportar à minha equipa as medidas adoptadas”, escreveu o comissário numa carta dirigida a Musk, em que reforça que tem indicações de que o X continua a ser usado para disseminar conteúdo ilegal e desinformação na União Europeia.

Nessa carta, Breton lembra Musk que a Lei dos Serviços Digitais (DSA, na sigla inglesa) é clara quanto a “obrigações em relação à moderação de conteúdo”. A DSA regulamenta as obrigações dos serviços digitais que desempenham o papel de intermediários entre os consumidores, mercadorias, serviços e conteúdos.

Em três pontos, na carta, resume essas obrigações: primeiro, refere que tem de se ser claro e transparente no conteúdo que é permitido na plataforma; depois, quando se recebe indicações de conteúdo ilegal na União Europeia, tem de se ser diligente e objectivo a tomar medidas, bem como a remover conteúdo quando é necessário; por fim, tem de se tomar medidas de mitigação para combater os riscos da desinformação.

“Dada a urgência, também espero que esteja em contacto com as autoridades competentes e a Europol, e que assegure uma resposta eficaz aos seus pedidos”, escreveu Breton. No final da declaração, pediu que Elon Musk tomasse alguma acção em 24 horas.

A resposta de Elon Musk chegou dentro dessas 24 horas, através do X, numa resposta directa a Breton: “A nossa política é de que tudo seja de fonte aberta e transparente, uma abordagem que sei que a União Europeia apoia. Por favor, enumere as violações a que alude no X.”

Thierry Breton devolveu a resposta a Musk: “Está bem consciente das denúncias dos seus utilizadores – e autoridades – quanto ao conteúdo falso e à glorificação da violência. Cabe-lhe a si demonstrar se cumpre o que diz”, escreveu o comissário. E reforçou: “A minha equipa continua à sua disposição para assegurar o cumprimento da DSA, sendo que a União Europeia continua a cumpri-la de forma rigorosa.” Musk reiterou o seu pedido inicial e apelou a Breton para que mostrasse as suas preocupações de forma mais concreta quanto à sua plataforma.

Uma mensagem também para Zuckerberg

Já depois desta troca de mensagens, esta quarta-feira, o comissário europeu partilhou na sua conta no X uma outra mensagem dirigida a Mark Zuckerberg, a propósito da desinformação associada às plataformas da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp). Também a Zuckerberg relembrou os compromissos acordados na DSA. “No seguimento dos ataques terroristas levados a cabo pelo Hamas contra Israel, estamos a observar o surgimento de conteúdo ilegal e desinformação a ser disseminada na União Europeia através de certas plataformas”, escreveu na carta, que apela ao cumprimento da DSA.

Fez ainda uma especial chamada de atenção à desinformação ligada às eleições no espaço da União Europeia. “Lembro-o que a DSA exige que o risco de amplificação de imagens manipuladas e falsas geradas com a intenção de influenciar as eleições é levado extremamente a sério no contexto das medidas de mitigação”, precisou o comissário.

Tal como a Musk, pediu a Zuckerberg uma resposta em 24 horas.

A Comissão Europeia tem vindo ainda a recordar as empresas ligadas às redes sociais que são legalmente obrigadas a impedir a difusão de conteúdos nocivos relacionados com o Hamas. Esta tarde, em declarações à agência Reuters, um porta-voz da Comissão Europeia assinalou que “os conteúdos que estão a circular online associados ao Hamas que são considerados conteúdos terrorista são ilegais e têm de ser removidos ao abrigo do DSA e do Regulamento relativo a Conteúdos Terroristas”.

Artigo actualizado com a mensagem enviada pelo comissário europeu a Zuckerberg e com a declaração do porta-voz da Comissão Europeia

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