Mulheres e crianças mortas em ataque contra campo de refugiados na Birmânia

Governo de Unidade Nacional, no exílio, atribui a responsabilidade à junta militar que está no poder desde o golpe de Estado de 2021. Militares negam autoria do ataque.

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Protestos nas ruas da capital da Birmânia na sequência do golpe de Estado militar de 2021 Reuters/STRINGER

Um ataque de artilharia contra um campo de refugiados perto da fronteira da Birmânia com a China, nesta terça-feira, fez pelo menos 29 mortos e 59 feridos, incluindo mulheres e crianças. É o ataque mais mortífero contra civis desde o golpe de Estado militar de 2021.

A Birmânia está mergulhada num conflito brutal em várias regiões do país desde 2021, com exércitos constituídos por minorias étnicas e um movimento de resistência a combaterem contra uma onda de repressão do regime militar.

Fontes citadas pela agência Reuters, incluindo o Governo de Unidade Nacional, no exílio, culparam o Exército da Birmânia pelo ataque contra o campo de refugiados, situado no estado birmanês de Kachin, na fronteira com a China.

Um porta-voz da junta militar birmanesa negou qualquer responsabilidade pelo ataque.

"Estamos a investigar. Estamos sempre atentos à situação de segurança nas fronteiras", disse o porta-voz, Zaw Min Tun, ao site People Media. O mesmo responsável disse que a explosão pode ter sido provocada por munições dos próprios rebeldes.

Segundo a Reuters, o ataque atingiu um campo de refugiados situado a cerca de cinco quilómetros de uma base na cidade fronteiriça de Laiza, controlada pelo Exército pela Independência de Kachin, que está envolvido num conflito com o Exército birmanês há vários anos.

Os rebeldes de Kachin condenaram o que descreveram como "um ataque perverso contra civis" e apelaram ao mundo que "trave as atrocidades e leve os generais da Birmânia a tribunal".

"Este acto da junta militar é um crime de guerra e um crime contra a humanidade", disse um porta-voz do Governo de Unidade Nacional, Kyaw Zaw, acrescentando que um ataque na fronteira com a China mostra que a junta militar "não respeita as exigências de paz e estabilidade feitas pelos seus vizinhos".

A delegação das Nações Unidas na Birmânia condenou o ataque, num comentário feito na rede social Facebook, e afirmou que "os civis nunca devem ser alvos".

O ataque de artilharia desta terça-feira foi o mais mortífero desde que um ataque aéreo matou mais de 50 pessoas, incluindo civis, na região de Sagaing, em Abril.