Montenegro anuncia que é recandidato à liderança do PSD após as europeias

Líder social-democrata defende pacto na saúde entre Governo, SNS, sector social e privado. Confrontado com sondagens desfavoráveis, Luís Montenegro garante que será recandidato depois das europeias.

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Luís Montenegro foi eleito líder do PSD em Maio de 2022 LUSA/RODRIGO ANTUNES
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O presidente do PSD anunciou na noite desta segunda-feira que será recandidato à liderança do partido, independentemente do resultado nas eleições europeias de Junho de 2024. Em entrevista à TVI/CNN, Luís Montenegro frisou que o partido quer “ganhar” as eleições para o Parlamento Europeu, reiterou que não fará nenhuma aliança de apoio ao governo, "de nenhuma modalidade", com o Chega, e defendeu um pacto para a saúde que envolva operadores dos sectores privado e social.

Numa altura em que crescem as expectativas em torno do regresso de Pedro Passos Coelho à liderança do PSD, o actual líder garantiu que será recandidato na próxima disputa eleitoral interna, que se realiza após as europeias do próximo ano. “Vou recandidatar-me porque faço uma avaliação positiva do trabalho que tenho vindo a fazer", afirmou, depois de questionado sobre se as europeias são “de vida ou de morte” para a sua liderança.

Luís Montenegro disse fazer uma avaliação positiva do trabalho a nível da “reorganização do partido” e de apresentação de propostas na “saúde, educação, emigração”, assegurando que essa intervenção “está a dar ao PSD uma possibilidade de se afirmar" como uma alternativa "geradora de uma maioria”.

Questionado sobre se já sabe quem vai ser o cabeça de lista nas europeias, o líder do PSD respondeu afirmativamente, mas escusou-se a partilhar o nome, remetendo a informação para "o início do ano". Luís Montenegro foi confrontado com sondagens desfavoráveis – como a do ICS/Iscte para a SIC/Expresso desta segunda-feira – e admitiu que "os portugueses ainda tenham dúvidas" sobre a alternativa política que representa e que "é preciso tempo" para ganhar a "confiança e o conforto dos eleitores".

O candidato a primeiro-ministro "sou eu"

Já na recta final da entrevista, Montenegro foi questionado sobre se vê Passos Coelho como candidato a Presidente da República ou a primeiro-ministro. O antigo líder parlamentar no tempo em que Passos liderava o Governo assumiu que será ele próprio a avançar para as legislativas. “Candidato a primeiro-ministro seguramente só conto… só olho para um, que sou eu próprio, sou eu que estou a fazer esse caminho, propus-me para um ciclo que é longo e difícil”, frisou, reconhecendo que fala “de vez quando” com o antigo líder do PSD.

Sobre se sente que Passos Coelho está na sua sombra, o líder do PSD reiterou que se vai candidatar a “um segundo mandato para vencer as eleições legislativas, constituir um governo e transformar o país”. “Se mais alguém o quiser fazer está no seu direito, não o posso impossibilitar, pelo contrário, quem tiver opiniões diferentes, não estou a dizer que é o caso dele, é aproveitar os momentos eleitorais do PSD”, afirmou, lembrando que “o meio académico não está a tirar partido de Passos Coelho”. “Passos Coelho fará o que entender e eu também", rematou.

Na fase das perguntas feitas por elementos do público, Montenegro foi confrontado com uma pergunta "simples" sobre se pensa aliar-se ao Chega caso precise. "A resposta também é simples, não", atirou, voltando a afastar coligações com o partido de André Ventura.

"Não farei nenhuma coligação de suporte de governo de nenhuma modalidade com o Chega, e ganhando as eleições formarei governo com apoio maioritário dos deputados ou com maioria relativa, não serei o primeiro nem o último", afirmou, recordando que António Guterres governou com maioria relativa graças à responsabilidade do PSD então liderado por Marcelo Rebelo de Sousa. Sobre coligações pré-eleitorais para as legislativas, revelou que essa questão ainda não está decidida.

Relativamente aos problemas que se vivem na saúde, o líder do PSD defendeu a realização de um "pacto", não só entre partidos mas que envolva também os "operadores dos três sectores", público, social e privado, possibilitando "gerir equipas, [ter] capacidade de resposta e recursos humanos". Acusando o Governo de "hipocrisia política" por concentrar a resposta dos serviços do Estado à custa de privados, Montenegro defendeu que essa política tem de ter um "ponto final", desafiando o Governo a que se "sente à mesa" e que traga os vários sectores "para dentro do sistema de saúde".

Acordo sobre aeroporto sem garantia

Sobre o novo aeroporto de Lisboa, Luís Montenegro assumiu não estar satisfeito com a forma como está a decorrer o processo de escolha da localização, em particular quando ouviu a presidente da comissão técnica independente, Rosário Partidário, “dizer onde ia ficar o aeroporto”. “Não é isso que se pede. O que esperamos é que a presidente da comissão diga as vantagens e desvantagens das localizações”, vincou.

Assumindo que deu conta do desconforto ao primeiro-ministro sobre declarações da presidente da comissão técnica acerca da localização da infra-estrutura aeroportuária, Montenegro rejeitou que tenha sido esse o teor do entendimento: “Não foi isso que acordei com o PS e António Costa sabe disso.”

Quando a comissão técnica independentemente apresentar o relatório final, Montenegro não garante que a sua opinião seja coincidente com a do Governo. “Não posso garantir que nós vamos ter esse acordo, mas [posso] garantir que vamos olhar com toda a isenção, cuidado, para o que os técnicos vão dizer.”

O líder do PSD foi também confrontado com a questão sobre, se dependesse dele a decisão, impunha um travão ao aumento das rendas (sem travão a actualização seria de 6,4% em 2024). “O mercado devia funcionar e o Estado devia ajudar as famílias com necessidades para acudir. O congelamento tem um efeito perverso: as famílias dizem ‘vamos ter um aumento inferior’, é uma boa notícia, e os senhorios ou fazem contratos novos ou tiram as casas do mercado”, respondeu.

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