Aumento do tráfego ferroviário sugere que Coreia do Norte estará já a fornecer armas à Rússia

Imagens de satélite revelam que o tráfego rodoviário entre os dois países é muito superior ao observado nos últimos cinco anos, incluindo os níveis anteriores à pandemia.

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O líder norte-coreano Kim Jong-un e o Presidente russo Vladimir Putin encontraram-se no extremo oriente da Rússia no mês passado Reuters/KCNA

O tráfego ferroviário ao longo da fronteira entre a Coreia do Norte e a Rússia atingiu esta semana o valor mais elevado dos últimos anos, sugerindo que está em curso o fornecimento de armas por Pyongyang a Moscovo, depois de os seus líderes terem discutido uma cooperação militar mais profunda, afirmou um think-tank norte-americano.

As imagens de satélite mostraram um número “sem precedentes” de 73 vagões de mercadorias na estação ferroviária de Tumangang, na cidade fronteiriça norte-coreana de Rason, segundo um relatório do projecto Beyond Parallel do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington.

O tráfego foi muito superior ao observado nos últimos cinco anos, incluindo os níveis anteriores à pandemia, afirmou.

O líder norte-coreano Kim Jong-un e o Presidente russo Vladimir Putin encontraram-se no extremo oriente da Rússia no mês passado, tendo discutido questões militares, a guerra na Ucrânia e o aprofundamento da cooperação militar e económica.

“Dado que Kim e Putin discutiram alguns intercâmbios e cooperação militar na sua recente cimeira, o aumento dramático do tráfego ferroviário indica provavelmente o fornecimento de armas e munições da Coreia do Norte à Rússia”, escreveu o think-tank, embora não possa ter a certeza devido ao uso extensivo de lonas para cobrir os vagões ferroviários.

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul alertaram para o facto de a cooperação militar entre a Coreia do Norte e a Rússia constituir uma violação das sanções da ONU contra Pyongyang. Moscovo poderia obter munições da Coreia do Norte para reforçar as suas reservas cada vez mais reduzidas pela invasão da Ucrânia, enquanto Pyongyang poderia obter ajuda tecnológica para os seus programas de satélites espiões e de mísseis.

A Coreia do Norte censurou o Presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol por este ter criticado a cooperação entre Pyongyang e Moscovo, afirmando ser “natural” e “normal” que países vizinhos mantenham relações estreitas.