Julgamento de Pinho adiado novamente. Desta vez foi a greve da Administração Pública

Manuel Pinho, a mulher Alexandra Pinho e Salgado respondem por crimes de corrupção, branqueamento e fraude fiscal. Início do julgamento está agora previsto para o próximo dia 10 de Outubro.

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Manuel Pinho diz que está "preparadissímo" para desmontar a acusação LUSA/FILIPE AMORIM
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O início do julgamento do processo que resulta do caso EDP, em que são arguidos o ex-ministro da Economia Manuel Pinho, a mulher, Alexandra Pinho e o antigo presidente do BES, Ricardo Salgado, foi novamente adiado.

Desta vez, foi por causa da greve da Administração Pública, convocada pela Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESINAP) para a Administração Pública Central, Regional e Local e para entidades do sector público, que abrange os funcionários judiciais.

A juíza estava, tanto que manteve o julgamento marcado para esta sexta-feira, os advogados, e os arguidos também, à excepção, claro, de Ricardo Salgado devido aos motivos de saúde já conhecidos.

No entanto, tal como na última terça-feira, foi a funcionária judicial que decidiu exercer o seu direito à greve e desta vez aderiu também à da FESINAP.

À saída do tribunal, Manuel Pinho lamentou mais este adiamento, uma vez que está há dois anos em prisão domiciliária e a sua residência está fixada em Braga e na próxima semana terá de regressar a Lisboa para voltar ao tribunal.

"Acho que merecia um pouco de respeito", disse, demonstrando alguma ansiedade para que o julgamento comece, afirmando: “Estou preparadíssimo para desmontar esta acusação”.

Já o advogado de Ricardo Salgado, Francisco Proença de Carvalho, disse que "não vale a pena responsabilizar os funcionários judiciais pelo atraso do processo". "Este inquérito demorou mais de dez anos", afirmou. "Não foi por culpa dos funcionários judiciais que houve tanta morosidade neste processo", sustentou.

Neste caso Manuel Pinho, responde por dois crimes de corrupção passiva, um de branqueamento e um de fraude fiscal, enquanto a Ricardo Salgado o Ministério Público imputa dois crimes de corrupção activa e um de branqueamento. Já Alexandra Pinho responde por um crime de branqueamento e outro de fraude fiscal, ambos em co-autoria com o marido.

De acordo com a acusação, Manuel Pinho, enquanto ministro da Economia (2005 a 2009) e, depois, como responsável pela candidatura de Portugal à organização da "Ryder Cup", uma competição de golfe, actuou em detrimento do interesse público, na prossecução de interesses particulares do Grupo Espírito Santo (GES)/Banco Espírito Santo (BES) e de Ricardo Salgado. Segundo o MP, Manuel Pinho beneficiou projectos do GES/BES ou por estes financiados, nomeadamente projectos PIN (Potencial Interesse Nacional), como os das herdades da Comporta e do Pinheirinho.

Já Alexandra Pinho senta-se no banco dos arguidos porque constituiu com o marido a 'Tartaruga Foundation" e outras sociedades para ocultarem os pagamentos feitos por Ricardo Salgado a Manuel Pinho no âmbito do referido acordo de corrupção. Segundo a acusação, a arguida tinha conhecimento desse acordo e foi dele beneficiária, recebendo nas suas contas bancárias elevadas quantias pecuniárias que teriam como destinatário final o marido.

Já o ex-líder do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, está acusado de ter subornado o então ministro da Economia, Manuel Pinho, com valores superiores a cinco milhões de euros.

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