Marcelo deixa aviso: instituições mudarão “a bem ou a mal”

No discurso das comemorações do 5 de Outubro, em Lisboa, o Presidente da República alertou para a necessidade de “reformas a sério” para evitar “contra-reformas”.

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Presidente da República pediu mudanças e reformas no plano doméstico e internacional LUSA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou um alerta sobre a necessidade de mudança nas instituições nacionais e internacionais no contexto de uma guerra global. No discurso das comemorações do 5 de Outubro, na Praça do Município em Lisboa, o chefe de Estado apelou a reformas também no plano doméstico.

“Estamos em 2023 no meio de uma guerra global, tantos pensaram que com engenho e sorte não ocorreria, a balança de poderes no mundo está em mudança, uns a descerem outros a subirem. Ou as instituições internacionais ou domésticas mudarão a bem ou a mal, e mal tarde, e atabalhoadamente”, referindo o problema do clima mas também o “peso nas comunidades” a que Portugal pertence como as Nações Unidas, União Europeia, CPLP, e mundo ibero-americano.

Num discurso de 11 minutos, em que boa parte foi virada para o passado, Marcelo reforçou a ideia de uma inevitabilidade da mudança e dos seus efeitos. “Tudo isso poderá suceder mais depressa do que se pensa. A mudança submergir pântanos, revolver águas paradas, abrir comportas demasiado tempo encerradas. Ou não. Pelo contrário, a mudança chegar porque se prefere a antecipação ao conformismo, a abertura ao fechamento, a alteração das mentalidades das instituições e das práticas ao situacionismo e à inércia”, afirmou.

Colocando a chave da mudança nos “responsáveis a todos os níveis”, mas também nos cidadãos de Portugal, da Europa e do Mundo, o Presidente apelou a que não se deixe “morrer” a liberdade, incluindo a liberdade de pensamento e de expressão, custe o que custar”. Ao mesmo tempo, deixou implícita a condenação em atrasar a mudança.

“Podemos fazer democracias mais fortes se não nos contentarmos em esperar para ver, 'Europas' mais fortes se não formos egoístas e retardatários. Podemos fazer organizações universais mais fortes, se não nos habituarmos a prometer ano após ano a sua reforma sabendo que não vamos cumprir. Podemos reformar a sério, prosseguir o caminho das reformas para não termos de ver contra-reformas fazerem ou pretenderam fazer aquilo que fizemos de conta que não importava assumir”, avisou.

Fazendo um paralelo com 1923, em que muitos “acreditavam que a mudança não seria para logo”, o Presidente voltou a defender que ainda há tempo para abrir o sistema aos mais novos.

“Em 2023 temos tempo, não é ilimitado, mas temos tempo, no mundo, na Europa, entre nós, e espaço, para abrir os jovens a novas ideias e novos caminhos, a tempo, a liderança dos nossos futuros. Em liberdade e democracia, a liberdade e democracia que queremos que triunfarão sempre”, afirmou.

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