O novo medicamento para a obesidade salvou o PIB da Dinamarca. Mas nem tudo é bom

A farmacêutica que criou o Ozempic foi responsável por salvar a Dinamarca da recessão. Especialistas temem que a dependência do país a uma só empresa possa ser perigosa para a economia dinamarquesa.

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O Ozempic é um medicamento para tratar a diabetes que é usado por muitos como medicamento para emagrecer GEORGE FREY
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O Ozempic, o medicamento para tratamento da diabetes que começou a ser utilizado por várias celebridades como remédio para emagrecer, transformou a empresa que o criou, a dinamarquesa Novo Nordisk, na mais valiosa da Europa.

Sozinha, como escreve o Financial Times (FT), a empresa serviu de antídoto para a recessão da Dinamarca. Mais: na bolsa de valores, a Novo Nordisk está avaliada em mais de 389 mil milhões de euros, um valor que é superior ao do Produto Interno Bruto (PIB) daquele país. Segundo escreveu a Reuters em Agosto, só nos dois últimos anos as acções da Novo Nordisk subiram 165%.

Num artigo do jornal britânico desta quinta-feira, porém, especialistas discutiram a possibilidade de a economia dinamarquesa se ter tornado demasiado dependente do lucro de uma única empresa. Um caso semelhante ao da Finlândia, há uns anos, em relação à Nokia.

“Na Dinamarca, temos uma economia de duas velocidades: a indústria farmacêutica, e o resto”, disse o economista do banco central da Dinamarca, Thomas Harr, ao FT.

Para referência, segundo a Bloomberg, enquanto a economia dinamarquesa cresceu 1,7% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o ano anterior, se se retirasse o peso da indústria farmacêutica, o PIB do país cairia 0,3%.

Ao mesmo órgão de comunicação, Jens Hjarsbech, economista no think tank Axcelfuture, disse que a Novo Nordisk é uma única empresa que “determina se a Dinamarca cresce economicamente ou não”.

Esta dominância da empresa farmacêutica na economia dinamarquesa levanta preocupações numa altura em que a Novo Nordisk enfrenta dificuldades de fornecimento e uma competitividade cada vez maior.

O caso da Nokia e da Finlândia, usado como alerta para a situação na Dinamarca, não é mencionado por acaso. De acordo com o Instituto de Investigação da Economia Finlandesa, entre 1998 e 2007, a (antiga) gigante tecnológica - que no início dos anos 2000 fornecia 40% dos telemóveis mundiais - contribuiu para um quarto do crescimento económico da Finlândia.

No entanto, segundo a BBC, quando a dominância da Nokia no mercado dos telemóveis começou a desvanecer, a economia finlandesa também recuou. Enquanto em 2007 a Nokia detinha 49,4% do mercado, este valor foi caindo até, em 2013, seis anos depois, atingir os 3%. A queda coincidiu com a mais longa recessão da história do país nórdico.

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