Zuckerberg anuncia amigos e especialistas com IA para WhatsApp, Facebook e Instagram
O PÚBLICO resume as novidades do MetaConnect 2023, o evento da Meta sobre IA e realidade aumentada. Dos novos Quest 3, a óculos com IA e assistentes virtuais “especialistas” com a cara celebridades.
"Em breve", vai ser possível falar com especialistas e conselheiros artificiais, criados à imagem de celebridades, nos serviços de mensagens da Meta – ou seja, no WhatsApp, Instagram e Facebook. Os sistemas de inteligência artificial (IA) generativa usam o modelo de linguagem Llama 2, que é a versão da Meta do GPT-4, para conversas em áreas específicas. Por exemplo, há chatbots para debates culinários e outros para dúvidas sobre exercício físico ou ocasiões em que o utilizador precisa de um ombro amigo. A Billie é uma IA com a cara e as expressões da modelo Kendall Jenner com a missão de desempenhar o papel de uma irmã mais velha que está sempre disponível para ouvir o utilizador.
A novidade foi anunciada esta quarta-feira no arranque do Meta Connect, o evento anual em que a Meta (outrora Facebook) anuncia novidades nas áreas da IA, realidade virtual e realidade aumentada. “Continuamos focados em construir o futuro da conexão humana”, frisou o presidente executivo da Meta, Mark Zuckerberg, no arranque do evento na sede da empresa em Menlo Park, na Califórnia. Não esqueceu, porém, o alerta de que “os sistemas estão numa fase muito inicial” e “têm vários limites”.
Para evitar que a Billie apoie os utilizadores com desinformação à mistura, a IA ainda não tem acesso a informação actualizada da Internet. No entanto, a Meta IA, uma espécie de chatbot geral ao estilo do ChatGPT, da OpenAI, já terá acesso a informação em tempo real.
Durante o evento, também existiu tempo para apresentar os novos Quest 3, um par de óculos de realidade aumentada para competir com os Vision Pro da Apple, e uma nova versão de óculos criados com a marca RayBan – desta vez, com um assistente de IA incluído. O PÚBLICO faz um resumo das principais novidades do evento; como habitual, a maioria vai começar por estar disponível nos EUA e ainda sem data certa.
Dois pares de Óculos
A Meta abriu o evento com a apresentação dos novos Quest 3. Contrariamente aos Quest 2, não são apenas óculos de realidade virtual – funcionam em realidade aumentada. Ou seja, permitem sobrepor imagens do mundo digital a imagens do mundo real. Isto permite que sejam usados para montar um puzzle virtual sobre a mesa de jantar. A proposta é semelhante aos novos Vision Pro, da Apple, que foram apresentados em Junho. No entanto, o preço é bem menor: a versão da Meta começa nos 450 dólares (cerca de 472 euros) para a versão com 128 GB de armazenamento. São cerca de menos 2700 euros que a versão da Apple. Mesmo a versão mais cara da Meta, com 512 GB, fica-se pelos 650 dólares.
O modelo também chega às lojas físicas mais cedo, a 10 de Outubro. As pré-vendas já começaram.
Os novos óculos usam o novo processador XR2 Gen 2 DA Snapdragon e vêm com 8 GB de RAM, algo que deve aumentar o desempenho gráfico dos óculos relativamente aos Quest 2. Para Mark Zuckerberg o aparelho faz parte de uma realidade em que humanos, avatares de humanos e sistemas de IA se sentam lado a lado num bar ou num jardim e conseguem falar “frente a frente”. “Acho sempre engraçado quando as pessoas dizem que as apps não fazem parte do mundo real. Acho que o mundo real é a combinação do mundo digital e do mundo físico”, partilhou em palco.
Além dos Quest 3, a Meta também anunciou os novos Smart Glasses, da RayBan, a partir dos 300 dólares (cerca de 285 euros). São uma versão melhorada dos óculos RayBan Stories, apresentados em 2021, com melhorias ao nível do peso, design, áudio e resolução de imagens. A maior diferença é que vêm com o novo chatbot da Meta, a Meta IA: em palco, Mark Zuckerberg descreveu um cenário em que um utilizador usa os óculos para pedir ajuda com a carne durante um churrasco.
Tal como os óculos anteriores, os novos Smart Glasses também permitem filmar e fotografar em tempo real – a luz LED, que alerta outras pessoas para o facto de os óculos estarem a ser usados para gravar, é maior na nova versão.
A Meta acredita que as mudanças devem aumentar o interesse nos óculos. Documentos do Meta citados num artigo recente do jornal Wall Street Journal mostram que apenas 10% dos clientes que compraram a primeira versão dos óculos, os Ray Ban Stories, os usam activamente.
As muitas IA da Meta
A Meta vai ter o seu próprio chatbot, ao estilo do ChatGPT, da OpenAI, e do Bard, da Google. No entanto, não será necessário instalar uma app extra. Os utilizadores do Facebook, WhatsApp ou Instagram terão acesso ao assistente nos sistemas de mensagem da empresa. O sistema depende do modelo de linguagem Llama 2 e usa o motor de busca Bing, da Microsoft, para aceder a informação actualizada da Internet.
Além deste assistente, que Mark Zuckerberg descreve como “geral”, haverá uma série de assistentes treinados para responder a perguntas sobre áreas específicas. Para os tornar mais realistas, incluem avatares animados que foram criados em parceria com figuras públicas. Por exemplo, o chef norte-americano Roy Choi assume o papel de Max, um assistente de IA pronto para responder a perguntas sobre culinária. Já a influencer e instrutora de pilates Raven Ross desempenha o papel de Angie, uma instrutora de fitness digital que ajuda com meditação e exercício físico. O músico Snoop Dog é um “dungeon master” para liderar jogos de role-playing em que o utilizador embarca numa aventura fictícia.
As versões que assumem o papel de “especialistas” não têm acesso a informação actualizada da Internet. Ou seja, as respostas estão limitadas a bases de dados verificadas. “Há desafios com que a nossa equipa tem experiência, mas sabemos que vão surgir novos desafios”, reconheceu Zuckerberg durante a apresentação. A afirmação chega numa altura em que a União Europeia está a finalizar um pacote de legislação para regular novas ferramentas de IA.
“Temos tentado criar barreiras para evitar conversas que não são apropriadas”, assegurou Zuckerberg. “E estamos a tentar lançar isto de forma mais lenta, para conseguir resolver problemas que detectamos antes que esteja tudo disponível.”
Não há data oficial para a chegada dos programas. Os sistemas chegam “em breve”, começando pelos EUA.
Emu, para criar imagens
A Meta anunciou ainda um novo sistema para criar imagens personalizadas a partir de pedidos dos utilizadores. Funciona à semelhança de outros programas de criação de imagens com IA generativa, como o Dall-E, o Stable Diffusion e o Midjourney. Mantendo a tendência da Meta de dar nomes de animais aos modelos de IA, o novo sistema chama-se Emu (sigla inglesa para Universo de Media expressivo) e alude a uma espécie de aves terrestres da Austrália.
O novo Emu permite criar stickers para enviar nas apps de mensagens da Meta. Tratam-se das “figurinhas” (animadas ou não) que podem ser enviadas em conversas para expressar emoções, reacções ou ideias de uma forma divertida e visual.