Demolições, nova praça e cave logística: projecto do Matadouro sofreu alterações

Conclusão da empreitada está prevista para final de 2024. Postigo do antigo Matadouro e edifício da polícia, projectado por arquitecto que desenhou a Câmara do Porto, vão ser demolidos.

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Postigo com brasão da Câmara do Porto será demolido Ines Fernandes
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O projecto de reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campanhã num centro empresarial, social e cultural sofreu alterações que vão obrigar à demolição de um edifício projectado pelo arquitecto Correia da Silva e do antigo postigo do Matadouro, com um brasão da cidade esculpido. A proposta da equipa projectista “mereceu acolhimento por parte do município”, que garante que, antes das demolições, irá avaliar a “pertinência de recolha de elementos construtivos para o Banco de Materiais”.

A retirada da moradia e do antigo postigo são justificadas pela vontade de “criação de uma ampla praça pública” em frente ao edifício do Matadouro, construído no século XX e há mais de duas décadas desactivado, informa o gabinete de comunicação do município. Essa praça deverá “dar elasticidade espacial e programática aos diversos conteúdos que se prevêem nos edifícios preexistentes, criando uma articulação virtuosa com a Rua de São Roque”.

A solução apresentada, continua a Câmara do Porto, permite “dotar o espaço exterior de uma maior fruição por parte do público, permitindo uma total permeabilidade de movimentos entre o arruamento e o antigo Matadouro, acomodando espaços aptos para todo o tipo de eventos, importantes para a activação do projecto e para a sua articulação com a envolvente próxima”.

A PSP deverá ficar alojada num dos pavilhões do conjunto do Matadouro, reabilitado com esse propósito, o que é, para a Câmara do Porto, um benefício: “O actual edifício apresenta-se obsoleto e desajustado face às necessidades agora apresentadas pela Polícia.”

Cobertura mais pequena

A alteração no projecto da Mota-Engil, empresa a que foi adjudicado o contrato de reconversão e exploração dos cerca de 26 mil metros quadrados do antigo Matadouro, não se fica pelas demolições. A cobertura, um dos elementos diferenciadores do projecto do japonês Kengo Kuma e dos arquitectos portugueses OODA, também sofreu mudanças, diminuindo de tamanho.

Esse ajuste, nomeadamente junto da passagem aérea pedonal (que liga o Matadouro ao Estádio do Dragão) e na área coberta, deveu-se à proximidade da Via de Cintura Interna e foi uma imposição da Infra-Estruturas de Portugal.

O projecto contempla agora uma cave logística. “Considerou-se, assim, que o equipamento necessitará de um conjunto de valências, entre as quais uma zona de cargas e descargas que não seja ao ar livre, à semelhança do critério seguido no Mercado do Bolhão”, acrescenta a mesma fonte.

O gabinete de comunicação da autarquia garante que os ajustes referidos não têm impacto financeiro para o município, sendo assumidos pelo promotor privado, cujo investimento previsto no espaço é de 40 milhões de euros. Durante os 30 anos de concessão, a Câmara do Porto pagará rendas pelos espaços por si ocupados (cerca de 40% da totalidade).

O contrato com a Mota-Engil foi assinado em Outubro de 2020, com a presença do primeiro-ministro, António Costa, que celebrava com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o arranque de um projecto considerado “âncora” para o Porto Oriental e que fez correr muita tinta de jornal à conta das reprovações do Tribunal de Contas. Nessa altura, previa-se que a obra arrancasse em Setembro de 2021 e 2023 fosse o ano de iniciar a mudança naquela zona do Porto.

Mas a empreitada acabaria por começar apenas no início deste ano, estando agora previsto que termine no final de 2024. Depois disso, haverá ainda “trabalhos de acabamentos do interior dos espaços”, mas esses serão da responsabilidade das entidades que ocuparem o edifício.

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