Desde 2019, registaram-se mais de 11 mil acidentes rodoviários que envolvem animais: são cerca de cinco por dia e dois mil por ano. Nestes acidentes morreram duas pessoas, 15 ficaram gravemente feridas e 404 registaram ferimentos ligeiros, segundo dados fornecidos pela GNR ao Jornal de Notícias.
O primeiro semestre de 2023 não revela uma descida da sinistralidade, mostram os dados. Até 30 de Junho foram registados cerca de 1400 acidentes com animais. Destes resultaram 51 feridos e um número de vítimas próximo do assinalado em 2019.
Nesse ano, ocorreram 1762 acidentes com animais de companhia e selvagens, mas a pandemia, que abrandou o tráfego rodoviário, não levou a uma descida do número de sinistros: tanto em 2020 como em 2021 registaram-se mais de dois mil por ano. O pico foi atingido no ano passado, com 3157 acidentes que provocaram três feridos graves e 113 ligeiros.
Apesar de haver mais acidentes com animais domésticos do que com animais selvagens, o javali é o animal mais mencionado neste tipo de ocorrência: são mais de mil ocorrências a mencionar este animal, segundo dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.
O Outono é a estação mais comum para estes acidentes, provavelmente devido ao período de reprodução do javali, que acontece entre Novembro e Janeiro, explica uma investigadora da Universidade de Aveiro ouvida pelo JN, já que é nesta altura que os machos se movimentam à procura de fêmeas.
Os acidentes ocorrem mais frequentemente em estradas nacionais e municipais e ao domingo, dia em que há mais carros nas ruas. A maioria das ocorrências acontece ao final da tarde ou à noite, não só pela fraca visibilidade, mas também devido ao período de actividade alimentar do javali, que acontece entre a meia-noite e as cinco da manhã. Viseu e Santarém são os municípios mais afectados pelos acidentes com javalis.
O aumento do número de animais abandonados, bem como a falta de esterilização das fêmeas, contribuem para o aumento dos acidentes nas estradas, defende Laurentina Pedroso, provedora do animal, em entrevista ao mesmo jornal. A superlotação dos centros de recolha leva a que haja um maior número de animais na rua e, consequentemente, na estrada. A adopção de animais dos centros de recolha oficiais diminuiu em 2022, devido à inflação. No ano passado foram adoptados 24721 animais de companhia, menos 753 do que em 2021.
Texto editado por Renata Monteiro