Sondagem: portugueses pedem travão às rendas e taxa sobre lucros da banca

Os inquiridos não acreditam que a redução do IRS jovem vá impedir os mais novos de emigrarem e consideram que acabar com as propinas seria mais vantajoso do que devolvê-las.

Foto
68% dos inquiridos quer um tecto máximo nas rendas e 79% uma taxa sobre os lucros da banca Paulo Pimenta
Ouça este artigo
00:00
03:03

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

São mais os portugueses que querem a intervenção do Estado para combater a crise da habitação do que aqueles que preferem deixar o mercado a funcionar livremente. Segundo uma sondagem da Aximage para o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias e a TSF divulgada esta sexta-feira, uma esmagadora maioria considera que o Governo devia aplicar um travão às rendas e taxar os lucros extraordinários da banca.

Com base em 804 entrevistas realizadas a maiores de 18 anos por todo o país, a sondagem sobre medidas para combater a crise mostra que 68% dos inquiridos considera que o Governo deve fixar um "tecto máximo de aumento das rendas". Apenas 14% afirma que o Governo deve "deixar que o mercado funcione de forma livre" e 10% que o executivo deve permitir o aumento de 6,9% das rendas — valor projectado pelo Instituto Nacional de Estatística para 2024, caso não seja aplicado um travão.

​Segundo o Diário de Notícias, é sobretudo entre os eleitores do PS que a solução de um tecto máximo às rendas é apelativa (72%), mas os eleitores do PSD não ficam muito atrás (67%).

Também uma nova taxa sobre os lucros extraordinários da banca é bem vista pelos portugueses, com 79% a concordar com a medida face a 13% que a rejeitam. Os eleitores do PS são aqueles que mais defendem esta ideia (88%).

Mais expressiva ainda é a maioria de pessoas que afirma que o Governo e o Banco de Portugal devem ser mais activos a reduzir a diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e pagos nos depósitos — 90% respondem que sim e apenas 5% discordam.

Fim das propinas e IRS excessivo

A sondagem incide ainda sobre as medidas de apoio aos jovens anunciadas pelo primeiro-ministro no início do mês. Os inquiridos não acreditam que a redução do IRS jovem vá impedir os mais novos de emigrarem e consideram que acabar com as propinas seria mais vantajoso do que devolvê-las.

Para 71% dos entrevistados, uma nova redução do IRS jovem não vai contribuir para travar a emigração de jovens qualificados, por oposição a 23% que concordam com a medida. A tendência verifica-se particularmente entre os eleitores do PSD (80%), não ultrapassando os 57% no caso dos eleitores socialistas.

Quanto à melhor solução para ajudar os alunos a suportar as propinas, 45% defendem que o ensino superior público deve ser gratuito, 34% apontam a redução do valor das propinas e apenas 16% se colocam ao lado da medida defendida por António Costa, a devolução das propinas aos jovens que fiquem a trabalhar em Portugal após o curso.

Já sobre o IRS, a maioria (77%) adere à noção de que o Estado está a cobrar uma receita excessiva de IRS e de que é possível baixar este imposto ainda em 2023. Apenas 10% discordam. Esta foi uma das propostas apresentadas pelo PSD (em forma de recomendação ao Governo) e rejeitada pelo PS nesta quarta-feira. O objectivo seria reduzir o IRS em 1200 milhões de euros para a classe média já este ano, mas 53% dos inquiridos dizem desconhecer a proposta.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários