Presidente da República pede mais acção e respeito pela Carta das Nações Unidas

O chefe de Estado português incentivou os Estados-membros da ONU a cumprirem as promessas: “É fácil vir aqui todos os anos prometer o mesmo e não realizar aquilo que é prometido”, afirma.

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Marcelo durante o debate geral da 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque LUSA/Nuno Veiga
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O respeito pela Carta das Nações Unidas, a luta contra as alterações climáticas e a reforma das instituições são as principais urgências que o mundo enfrenta actualmente, segundo o Presidente da República. As declarações foram feitas no âmbito da sua intervenção no primeiro dia de debate geral da 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realizou em Nova Iorque.

O chefe de Estado começou por se dirigir ao secretário-geral das Nações Unidas, elogiando António Guterres pela "sua permanente e inesgotável dedicação aos valores da Carta das Nações Unidas", relembrando que o mundo atravessa um "exigente momento" para a "construção da paz e da cooperação internacional". "Não desistimos e não desistiremos de apoiar o secretário-geral das Nações Unidas, custe o que custar", afirmou.

No discurso, que durou cerca de 15 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa apelou consecutivamente ao respeito pela Carta das Nações Unidas, bem como pelos princípios do Direito Internacional, como um garante da paz. "É essa a luta do povo ucraniano" e de muitos outros países asiáticos e africanos, onde o conflito se tornou central. "Não é possível separar a luta do povo ucraniano da luta pelo respeito da Carta das Nações Unidas", continuou.

A par da defesa dos princípios da Carta das Nações Unidas, Marcelo Rebelo de Sousa alertou para a necessidade de reformas das instituições internacionais, alegando que algumas delas, principalmente as que foram criadas no século passado, estão "totalmente afastadas da realidade do mundo actual". O chefe de Estado considera que as Nações Unidas deveriam ponderar a integração de novos membros no Conselho de Segurança, recordando que Portugal apoia "países como o Brasil ou a Índia".

Durante o discurso, o Presidente da República criticou ainda as organizações financeiras mundiais por não serem capazes de assegurar um "financiamento sustentável, com equidade e com justiça", já que "favorecem os mais ricos e desfavorecem os mais pobres". Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o momento para falar sobre o acordo que Portugal celebrou com Cabo Verde como um exemplo concreto desse financiamento.

Relativamente aos objectivos para 2030, o chefe de Estado disse continuarem atrasados, perpetuando assim "as desigualdades entre Estados e entre povos". No entanto, "não é possível realizar esses objectivos sem reformarmos as instituições internacionais", acrescentou. "Portugal defende a aceleração na luta contra as alterações climáticas tentando ir à frente da descarbonização, na promoção da energia limpa", entre outras áreas.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, é tempo de cumprir as promessas feitas ao longo de anos e anos em relação aos esforços de construção da paz, da cooperação internacional, ao combate das alterações climáticas e das desigualdades sociais. "É fácil vir aqui todos os anos prometer o mesmo e não realizar aquilo que é prometido", frisou, alegando que, sem o cumprimento destes objectivos, "não há multilateralismo possível".

"Cada dia perdido é mais um dia de desigualdades, de egoísmo e de conflito", lamenta Marcelo Rebelo de Sousa, desafiando os Estados-membros das Nações Unidas a trabalhar para que no próximo ano "seja possível dizer que há mais paz do que guerra", "mais justiça do que injustiça", "mais igualdade do que desigualdade".

A terminar o discurso, Marcelo relembra que, se tal não acontecer, continuarão a ser ouvidos "os mesmos - e muitos deles influentes - a prometerem e a não cumprirem". "E perceberemos porque é que os povos acreditam cada vez menos naqueles que os governam", conclui.

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