Mais dois monumentos ucranianos na lista de património em perigo da UNESCO
A Catedral de Santa Sofia, em Kiev, e o centro histórico de Lviv estão na lista divulgada na sexta-feira pelo Comité do Património Mundial da UNESCO, reunido em Riade. Veneza voltou a escapar.
O Comité do Património Mundial da UNESCO está reunido em Riade, na Arábia Saudita, até ao dia 25 deste mês. A 45.ª reunião deste órgão tem, como habitualmente, a missão de lembrar os signatários da Convenção do Património Mundial, firmada em 1972, da necessidade de proteger os monumentos e sítios classificados, ajudando também a angariar financiamento para tal. São, neste momento, 195 os Estados-membros.
Na quinta-feira, o comité votou a actualização da lista do património mundial em perigo, a que se juntam agora, em consequência da invasão russa que dura desde Fevereiro de 2022, dois bens ucranianos: a Catedral de Santa Sofia, em Kiev, classificada em 1990, e o centro histórico de Lviv, classificado em 1998. O centro histórico de Odessa já tinha sido colocado na lista de património em perigo em Janeiro deste ano.
No comunicado que a agência das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura divulgou na sexta-feira, o comité argumenta que "as condições ideais para garantir totalmente a protecção do extraordinário valor universal" daqueles bens "não estão reunidas" e que, como tal, permanecem "sob a ameaça de potenciais perigos por causa da guerra". O comité nota, ainda assim, os esforços das "autoridades ucranianas para proteger a sua propriedade cultural".
Noutro sentido, e ao contrário do que era esperado, Veneza e a sua lagoa, património mundial desde 1987, escaparam à lista. A cidade italiana, ameaçada pelo turismo massificado, já tinha conseguido evitar a inclusão há dois anos, ainda que vários especialistas asseverem que está em risco.
O presidente da câmara, Luigi Brugnaro, regozijou-se com a decisão, escrevendo no X (a rede social outrora conhecida como Twitter), que a decisão constitui uma "grande satisfação", e acrescentando que Veneza tem sido "defendida por acções concretas" que "convenceram toda a gente unanimemente", e que a cidade "não está em risco". Antes desse comentário, e imediatamente após o anúncio, o político conservador tinha escrito que a proposta de inserção da cidade na lista de perigo era "muito política e pouco técnica".
Uma dessas medidas de salvaguarda foi anunciada na passada quarta-feira, e passa pela cobrança de cinco euros aos visitantes da cidade, isto nos dias de maior fluxo turístico e só para quem não pernoitar. Será testada por um período experimental de um mês, no início da próxima Primavera.
Da lista de património mundial em perigo consta agora um total de 56 bens, que vão do Vale de Bamiyan, no Afeganistão, ao centro histórico de Viena, na Áustria, passando pela reserva natural integral do Monte Nimba, na Guiné e na Costa do Marfim. Bolívia, República Central Africana, Congo, Egipto, Honduras, Indonésia, Iraque, Israel, Quénia, Líbano, Líbia, Madagáscar, Mali, México, Micronésia, Níger, Panamá, Peru, Roménia, Senegal, Sérvia, Ilhas Salomão, Palestina, Síria, Tanzânia, Estados Unidos, Uzbequistão, Venezuela e Iémen são os outros países onde há sítios considerados ameaçados.