28 minutos e 29 segundos: o relógio luxuoso de João Almeida na Vuelta

Quando Almeida acaba um “crono” a perder menos de um minuto para Ganna é porque algo foi muito bem feito. Subiu quatro lugares e ganhou tempo a vários rivais, entre os quais o “colega-rival” Ayuso.

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João Almeida em acção pela Emirates EPA/MAURIZIO BRAMBATTI
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João Almeida, ciclista português, subiu nesta terça-feira quatro lugares na classificação da Volta a Espanha – é agora sexto –, depois de um desempenho tremendo na etapa 10, um contra-relógio individual em Valladolid ganho pelo “comboio” Filippo Ganna, que não deu hipóteses a ninguém.

Quando Almeida acaba um “crono” plano a perder menos de um minuto para Ganna é porque algo foi muito bem feito. O português ganhou tempo a grande parte dos rivais, nomeadamente Enric Mas, Jonas Vingegaard, campeão do Tour, e Juan Ayuso, “colega-rival” na equipa Emirates, que está agora a nove segundos do companheiro (classificação mais em baixo).

Almeida deixa assim de lado algumas dúvidas sobre um eventual retrocesso na evolução como contra-relogista, depois de alguns “cronos” pouco felizes em provas importantes. Com o quarto lugar na etapa, o português foi um dos grandes vencedores do dia – dia com um bom nono lugar de Nélson Oliveira, que também rolou a alto nível.

Além de Almeida, que galgou quatro posições na geral, os grandes “campeões” do dia foram Sepp Kuss, que defendeu bastante bem a camisola vermelha e perdeu “apenas” 1m13s para Evenepoel, Marc Soler, que também fez um bom “crono” e continua no pódio, e Primoz Roglic.

O destaque ao esloveno carece, ainda assim, de contexto. É que o ciclista da Jumbo perdeu tempo para Remco Evenepoel, um dos principais rivais na luta pela vitória. O sorriso do esloveno advirá, porém, de ter perdido “apenas” 20 segundos para o belga, numa etapa na qual Remco esperava tirar pelo menos 30 segundos a todos os rivais.

Roglic também é vencedor na medida em que conseguiu deixar claro que Jonas Vingegaard está, até ver, com um nível físico inferior, pelo que a hierarquia na equipa Jumbo é, para já, Kuss-Roglic-Vingegaard.

Quanto a Evenepoel, a questão é: andou mal? Não andou – foi o segundo na etapa e ganhou tempo a toda a gente. Mas quando se é Remco, campeão do mundo, um contra-relógio plano, como este, sugere um ganho bem maior – e o próprio reconheceu isso no final do dia.

Em bom português, a classificação actual da Vuelta está uma "baralhada". Primeiro, porque tem por lá três teóricos "intrusos" no top 5: um nome inesperado, Martínez, o número 3 da Emirates, Marc Soler, e o número 3 da Jumbo, Sepp Kuss. Depois, porque os "chefes" Vingegaard, Roglic, Ayuso e Almeida vêm apenas mais atrás, com Evenepoel a ganhar, em teoria, menos do que deveria ter ganhado no "crono". Com muita montanha pela frente, o décimo classificado está a cerca de três minutos da camisola vermelha. A Vuelta está aberta, espera-se caos e ciclistas como Mas, Vingegaard e Ayuso vão ter de estar ao ataque.

Para esta quarta-feira está desenhada uma etapa curiosa. É categorizada como etapa plana, mas tem um final com subida de 18 quilómetros e os últimos 6,5 com pendentes que ultrapassam os 13% de inclinação.

Será um terreno bom para diversos cenários: uma fuga, um ataque tardio de um ciclista explosivo ou até mesmo duelo entre os principais trepadores à procura de segundos preciosos – como há três anos, no triunfo de Dan Martin neste local.

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