Jogos na I Liga portuguesa duram agora, em média, 104 minutos

Aumento substancial do tempo de jogo segue recomendação do IFAB. Contabilização das paragens é agora definida ao cronómetro, apesar do desagrado de muitos intervenientes.

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Nesta época, os jogadores estão a somar mais minutos em campo LUSA/FERNANDO VELUDO
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As recomendações elaboradas pelo International Board (IFAB) para a presente época desportiva estão a ter um impacto tremendo na duração dos jogos e Portugal não foge à regra. Na I Liga, concluída que está a 4.ª jornada, cada partida passou a ter, em média, 104 minutos, mais cinco do que a média total da prova na temporada passada.

O jogo FC Porto-Arouca, de domingo à noite, foi o exemplo mais gritante de uma nova forma de contabilizar os tempos mortos. No total, foram 25 minutos de tempo de compensação (três no primeiro tempo e 22 no segundo) atribuídos pelo árbitro Miguel Nogueira (AF Lisboa), que inicialmente tinha previsto 17 minutos extras após os 90, aos quais aplicou posteriormente os acertos decorrentes da análise de lances na área do FC Porto, de duas substituições no Arouca e da celebração do golo do empate.

Isto porque, de acordo com as indicações do IFAB, todas estas interrupções são agora rigorosamente contabilizadas. A contagem genérica de 45 segundos por substituição ou de 60 segundos para os festejos de um golo foi agora substituída por uma contabilização exacta do tempo de paragem. O mesmo acontece com as lesões, às quais era, até esta época, atribuída uma janela de 60 a 90 segundos.

Ora, este novo guião tem gerado um aumento generalizado da duração dos jogos, com a partida do Dragão a liderar uma tabela que inclui também, nas posições cimeiras, o Rio Ave-Desp. Chaves, da 1.ª jornada, com 19 minutos de compensação atribuídos pelo árbitro Ricardo Baixinho (sete na primeira parte, 12 na segunda).

Face à prática adoptada em 2022-23, por exemplo, assistimos nesta temporada a um aumento médio de cinco minutos por jogo. De 99,2 minutos por partida a Liga portuguesa passou para 104,1 minutos, sendo que o árbitro da temporada passada com média mais alta atingiu os 102 minutos (apenas um jogo apitado), enquanto na actual há já dois na casa dos 109.

Esta mudança de paradigma não tem agradado a todos e houve treinadores, como Pep Guardiola, do Manchester City, que desde cedo se manifestaram contra um aumento substancial e continuado do tempo de jogo, antecipando um desgaste ainda mais acentuado de jogadores que muitas vezes já ficam acima dos 60 jogos por época. Mas não foi o único. Há poucos dias foi a própria UEFA a assumir abertamente que discorda desta prática e que não vai implementá-la nos jogos que estão sob a sua alçada.

"É uma tragédia, pois estão a acrescentar 12, 13, 14 minutos no final dos encontros, que é uma fase muito complicada para os jogadores. Ouvimos jogadores e treinadores. São quase 500 minutos extras por temporada. São seis jogos, é uma loucura. Não vamos fazê-lo. Seguiremos as nossas próprias normas”, afirmou Zvonimir Boban, conselheiro da UEFA apoiado por Roberto Rosetti, presidente do Comité de Árbitros do organismo, na passada quinta-feira.

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