Com garantias de que o PCP é a alternativa “confiável”, Raimundo pede “mais partido”

No seu primeiro discurso como secretário-geral do PCP na 47ª edição da Festa do Avante!, Paulo Raimundo apelou ao reforço da luta e dos votos no partido.

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Paulo Raimundo estreou-se na Festa do Avante! como secretário-geral do PCP LUSA/RUI MINDERICO
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Foi com uma forte chuva a cair sobre os milhares de visitantes da Festa do Avante! que Paulo Raimundo encerrou o comício da rentrée política dos comunistas, a primeira enquanto secretário-geral. Contra o Governo PS das “contas certas” que “desacertam as nossas vidas”, Raimundo quis dar prova de que o PCP é a alternativa “confiável” e de que “está destinado a crescer”. Mas para isso é preciso mais "luta" e "mais partido", apelou, de olhos postos nas eleições da Madeira e do Parlamento Europeu.

“Podem decretar-nos todas as sentenças, mas um partido assim, dos e ao serviço de todos os trabalhadores, tal como revela esta festa, um partido assim está destinado, isso sim, a crescer, a alargar e a reforçar-se”, afirmou, no final de um longo discurso, em que reforçou o apelo por "mais votos e mandatos" nos próximos actos eleitorais.

Criticando "a política do Governo PS, apoiado no essencial por PSD, CDS, Chega e IL, submissos que estão todos ao euro, às imposições da União Europeia e ao cutelo das 'contas certas'", que "desacertam e de que maneira as nossas vidas", o líder do PCP quis marcar que "não estamos perante nenhuma inevitabilidade".

Mas, sim, perante "opções de classe" que levam a uma "chocante contradição entre a realidade da vida dura dos trabalhadores e do povo e a propaganda e opulência dos grandes lucros". O PS pode dizer que “a economia está bem”, mas “a verdade é que, enquanto uns poucos se apropriam da riqueza, a grande maioria nem lhe sente o cheiro”, atirou.

Feito o diagnóstico, "a única inevitabilidade é a luta", disse Raimundo, deixando já promessas de mobilização nas ruas este mês pelo Serviço Nacional de Saúde e pela habitação e assegurando que a luta "se vai intensificar nas empresas e locais de trabalho".

"Aqui está o partido confiável e que não anda ao sabor do vento, que não cede ao medo, à chantagem, à ameaça, à mentira e que em nenhum momento abandona os trabalhadores e o povo”, prometeu o secretário-geral do PCP, levantando palmas da plateia.

Numa altura em que o partido ultrapassa um momento difícil — uma crescente perda de eleitores e sondagens que não deixam perspectivar tempos mais positivos —, Raimundo não deixou de se dirigir directamente aos militantes, que se protegiam da chuva como podiam, sem debandar, e reiterou o apelo da conferência nacional em que foi eleito em Novembro: que se alargue "a participação dos milhares de novos militantes" e que os comunistas se liguem "ainda mais à vida" dos trabalhadores.

Mas terminou com uma nota positiva, garantindo que "isto vai mesmo mudar" quando "a grande maioria que é alvo das injustiças e das desigualdades" tomar "consciência da força que tem". Força essa que o PCP quer juntar à sua. “Queremos mais partido”, admitiu. Mas “não para encher o peito”, para “fazer o país avançar”, disse.

Os "objectivos de luta imediatos" já estão identificados e o PCP vai levá-los à Assembleia da República na próxima sessão legislativa, que arranca em menos de duas semanas. Desde "aumentar salários e pensões, travar a subida dos preços e o escândalo da acumulação de lucros pelos grupos económicos, investir nos serviços públicos e na valorização dos seus profissionais, proteger os inquilinos e as famílias com crédito à habitação" a "concretizar medidas de justiça fiscal".

O primeiro discurso de Raimundo na Quinta da Atalaia, feito sob o olhar atento do antecessor Jerónimo de Sousa, que também esteve presente no palco, passou ainda por críticas "às grandes potências capitalistas", com os Estados Unidos da América à cabeça, que mereceram vaias do público. Garantindo sucintamente que o PCP dará o seu "contributo" pela "frente anti-imperialista", Raimundo não se alongou sobre o tema que tem valido polémicas ao partido, a guerra na Ucrânia.

Mas defendeu que "é preciso dar uma oportunidade à paz" e "agir" contra os que "apostam no conflito militar em todo o mundo e insistem a todo o custo na continuação de uma guerra que na Ucrânia já leva nove anos, que nunca deveria ter começado".

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