Inquérito de Estimação: Tribo dos Patudos

No nosso Inquérito de Estimação, damos palco a associações e grupos de ajuda de animais que o mundo deve conhecer. O trabalho da Tribo dos Patudos é alimentar e esterilizar gatos de rua em Almada.

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A Tribo dos Patudos surgiu em 2013 A Tribo dos Patudos
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Não é uma associação nem tão pouco um centro de recolha de animais. A Tribo dos Patudos é um projecto de uma só pessoa e surgiu para cuidar e resgatar gatos de rua em Almada. Ana Silva, 53 anos, é a responsável por tudo isto.

“Na minha família, a começar pela minha bisavó e pela minha mãe, sempre se cuidou de animais sem dono. Dávamos-lhes guarida e o nosso quintal era o ponto de abandono”, explica na resposta ao nosso Inquérito de Estimação.

À medida que foi crescendo passou a fazer o mesmo e em 2013, ano em que conseguiu um espaço para a primeira colónia, fundou a Tribo dos Patudos. Nesse momento, a rotina mudou: antes de ir para o trabalho faz um pequeno desvio para alimentar os cerca de 30 gatos das três colónias de que é responsável. Ao final do dia, volta a fazer o mesmo.

A par das despesas com a alimentação dos animais, Ana certifica-se que todos os gatos são esterilizados para evitar mais nascimentos e, consequentemente, mais abandono. A maioria são animais de rua que nunca tiveram dono, e, como tal, não estão para adopção. Os que foram abandonados, por outro lado, são levados para famílias de acolhimento temporário que tentam encontrar-lhes novos tutores.

Uma medida prioritária pelos direitos dos animais

Para mim, a prioridade passa por existir uma medida a nível nacional de esterilização e castração de animais. Deveria ser algo obrigatório e instituído em todos municípios. Seria uma forma de evitar mais abandonos.

Um caso marcante

Todas as histórias de animais abandonados me marcam, sobretudo, quando são foram alvo de maus-tratos. Um desses casos é o do Martim, um gato que foi abandonado em Agosto do ano passado com a gata Molly e as seis crias.

A Molly, com o stress, rejeitou os filhos. Tive de pedir ajuda à associação Onde Há Gato Não Há Rato que a levou para uma FAT (família de acolhimento temporário). O Martim foi um superpai e cuidou das crias. Brincava com elas e acho até que os contava sempre que eu os guardava na transportadora.

Os seis gatos acabaram por ser adoptados, mas o Martim não parou de miar enquanto não regressaram. Nunca vou esquecer esse momento.

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A Tribo tem três colónias com cerca de 30 gatos A Tribo dos Patudos

Um conselho para quem quer adoptar um animal

Que pensem bem para não ser uma decisão por impulso. É importante prever tudo: desemprego, doença, sair do país, situação económica no caso de o animal adoecer ou o preço da alimentação. O meu desejo é que adoptem com consciência para a vida.

Um projecto que tem de ser conhecido

Tenho várias que me dizem muito, a começar pela associação Onde Há Gato Não Há Rato. A Corações Sem Dono é outro projecto que não esqueço, assim como o trabalho das cuidadoras Margarida Martins, Rosa Pascoal, Paula Carvalho e a Isabel Leal.

Uma pessoa anónima que vale a pena conhecer

A Isabel Leal que, tal como eu, cuida dos gatos de rua. É uma verdadeira mãe de gatos, compra-lhes ração e, como não tem carro, anda de transportes públicos ou a pé para os alimentar. Não quer sair do anonimato, mas estou muito feliz por a ter conhecido e ver a dedicação que tem pela causa animal.

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