Provedor dos Animais de Lisboa propõe que ponte sobre rio Trancão se chame Noé

Pedro Emanuel Paiva alega “o facto de a figura bíblica de Noé representar a necessidade dos humanos de respeitarem todos os animais”.

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A ponte sob o Trancão foi inaugurada no início de Julho Nuno Ferreira Santos

O Provedor Municipal dos Animais de Lisboa propôs nesta segunda-feira que a ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, construída no Parque Tejo a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), seja designada de Ponte Noé, lembrando esta figura bíblica.

"Tendo sido um equipamento inaugurado a propósito da Jornada Mundial da Juventude, é indissociável desse evento e Noé não colide com esse enquadramento", afirmou o Provedor Municipal dos Animais de Lisboa, Pedro Emanuel Paiva, considerando que a escolha do nome bíblico para a ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão reúne "vários argumentos favoráveis".

Numa recomendação entregue nesta segunda-feira ao executivo camarário, sob a presidência de Carlos Moedas (PSD), o provedor justificou a proposta com "o facto de a figura bíblica de Noé representar a necessidade dos humanos não só respeitarem todos os animais, mas também protegerem cabalmente os mesmos de situações que os coloquem em perigo".

A ideia de propor o nome de Ponte Noé para a ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, que liga Lisboa a Loures no Parque Tejo, surgiu após a recente polémica associada ao nome do cardeal Manuel Clemente, anunciado pela Câmara Municipal de Lisboa, mas que acabou por não ser atribuído porque o próprio recusou essa homenagem.

"A Provedoria Municipal dos Animais de Lisboa tem como missão fazer pontes para a defesa dos animais, logo, por que não materializar essa forma de estar propondo um nome para uma ponte real?", expôs Pedro Emanuel Paiva, em comunicado.

Em 11 de Agosto, após a JMJ, a Câmara Municipal de Lisboa anunciou que a nova ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão iria chamar-se Ponte Cardeal Dom Manuel Clemente. Esse anúncio gerou polémica e motivou uma petição com mais de 17 mil assinaturas pela "alteração do nome previsto".

Três dias após o anúncio, o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, pediu para que o seu nome não fosse atribuído à ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, na sequência da polémica, informou o Patriarcado de Lisboa, num comunicado divulgado em 14 de Agosto.

A Lusa questionou a Câmara de Lisboa sobre a decisão tomada pelo cardeal-patriarca, mas o município disse que não tinha nada a acrescentar sobre o tema.

Para a Provedoria Municipal dos Animais de Lisboa, "apesar de o argumento da harmonia entre humanos e animais estar acima de qualquer crença, quem leia a passagem do livro dos Génesis sobre Noé percebe a importância que a própria Igreja dá à mesma relação: "Com eles [Noé e a família] entraram [na arca] todos os animais de acordo com as suas espécies: todos os animais selvagens, todos os rebanhos domésticos, todos os demais seres vivos que se movem rente ao chão e todas as criaturas que têm asas: todas as aves e todos os outros animais que voam"".

Pedro Emanuel Paiva, provedor nomeado pelo actual executivo camarário, por proposta da liderança PSD/CDS-PP, realçou que a figura bíblica de Noé "simboliza o expoente máximo da protecção de todos os animais, incontornável nos dias de hoje", e o facto de a ponte ser maioritariamente à base de madeira faz deste equipamento "uma peça em sintonia com a protecção ambiental e integrada no meio ambiente envolvente, logo, em total alinhamento com a protecção do ambiente, que abarca na sua génese a defesa dos animais".

O provedor justificou ainda a proposta de Ponte Noé com as palavras proferidas pelo Papa Francisco durante a JMJ em Lisboa, ao afirmar que "a Igreja é todos, todos, todos", pelo que "basta pensar no texto dos Génesis que aborda Noé para fazer precisamente a ponte com os animais como parte desse 'todos'".