“Kikas” reformou-se, vendeu a sua casa nocturna e a notícia correu o país
Proprietária do Bar La Siesta no Vale de Santarém despediu-se emocionada e revelou que vendeu o negócio a espanhóis. O facto foi largamente noticiado.
A “Kikas” reformou-se. Anunciou o fim da “carreira” no seu site na internet num texto intitulado “fim de ciclo”. Mais, a “Kikas” revelou ainda ter vendido o seu Bar La Siesta a empresários espanhóis. Factos suficientes para diversos órgãos de comunicação social regionais e até nacionais espalharem a notícia.
Mas, afinal, quem é a “Kikas”? Segundo o jornal semanário regional O Mirante, com sede em Santarém, trata-se de Maria da Conceição António, 64 anos, que “ficou conhecida pela ‘Kikas’ do Vale de Santarém, onde a sua casa nocturna ganhou fama nacional ao longo de duas décadas. Agora deixou o espaço porque se sente cansada”.
A “casa nocturna”, o tal Bar La Siesta, segundo o próprio site na Internet da “empresária”, como lhe chama o jornal, oferece os seguintes serviços: “Diversão sem limites, sedução, muita fantasia, sensuais espectáculos de strip e despedidas de solteiro...”
A empresa também tem um restaurante, mas o que tem grande destaque numa galeria de fotos no site da “Kikas” não são os “menus especiais para jantares de grupo, Natal, empresas, aniversários e despedidas de solteiro variados petiscos ao dispor durante a noite”. Não, o que tem grande destaque são muitas fotografias de jovens senhoras semi-despidas. Ou seja, as “colaboradoras” da casa, como lhes chama a empresária no seu site.
O Mirante falou com Maria da Conceição António e conta que esta decidiu deixar o negócio “por cansaço e por estar a ser cada vez mais difícil trabalhar na noite”. “Quero viver com a família”, realça a empresária, salientando que ainda era respeitada na noite, mas que já começava a ver algumas situações mais conturbadas.
A fama deste bar já vem de longe. Em Novembro 2011, o jornal Notícias do Ribatejo dava conta de uma excursão de oito autocarros “vindos de todo o país” ao Vale de Santarém tendo como único propósito fazer uma visita “à casa de alterne mais famosa de Portugal”.
O jornal contabilizava mais de 2800 entradas no bar nessa altura. Uma colaboradora do La Siesta contava: "Correu bem, mas há dias melhores." O autor da notícia acrescenta que “nas noites fortes não sobra um único espacinho para estacionar na vila e há clientes que são obrigados a andar três quilómetros a pé” para chegar ao estabelecimento.
O jornal titulava assim a notícia que dava conta das excursões: “’Kikas’: De rainha da sucata a empresária do alterne.” E logo no primeiro parágrafo afirma, citando fontes de informação pouco credíveis: “Construiu um verdadeiro império sozinha e as más-línguas garantem que é uma das mulheres mais poderosas de Portugal. Ao La Siesta vão magistrados, deputados e jogadores de futebol.”
Já este mês, O Mirante e todos os outros jornais regionais que davam conta da “reforma” da “empresária”, citam um texto que “Kikas” publicou no seu site. Começa por agradecer “a colaboradores(as), fornecedores e todos os que fizeram parte” da sua história e do seu percurso de 20 anos que, diz, a “orgulha muito”.
“A ‘Kikas’ como, carinhosamente, era apelidado o Bar La Siesta, passará a ser apenas o Bar La Siesta. Encerrei um capítulo longo onde criei, inovei, lutei muito, derrubei muitas barreiras e muitos preconceitos e ergui muitos conceitos inovadores na época, que acredito que serão intemporais e perpetuar-se-ão nas memórias de quem as vivenciou pelo menos uma vez na vida! Criámos memórias em Portugal e no Mundo, colocando o nome do La Siesta (a ‘Kikas’) nos mais altos níveis reputacionais”, assegura, depois, a autora.
Uma reputação que, acrescenta, “só se criou com muito rigor, inovação, bom atendimento do cliente e sobretudo ao respeito mútuo que era uma obrigação intransigente nas normas da casa”.
O sucesso, continua, “deu-nos visibilidade suficiente para podermos, ao longo dos anos, ajudar inúmeras causas sociais, quer singulares quer colectivas, inúmeros eventos de solidariedade onde os nossos fiéis clientes eram inexcedíveis na ajuda ao próximo e criamos inúmeros postos de trabalho”.
Já perto de terminar, Kikas diz que não pode deixar de ter “uma palavra de gratidão e enorme apreço à população do Vale de Santarém, nomeadamente a população circundante ao bar onde sempre imperou a cooperação, a compreensão e um enorme respeito!”.
“Agradeço do fundo do coração a todos por estes 20 anos de vivências que guardarei para sempre no meu coração! Encerro assim este ciclo, na certeza de que dei sempre o máximo de mim, o melhor que tinha e fui o mais longe que a vida me permitiu! Marquei vidas, ajudei o próximo, aprendi, ensinei, ri, chorei... Enfim, acima de tudo VIVI, vivi muito este projecto que tanta saudade me vai deixar! Não fomos melhores nem piores...fomos simplesmente... Diferentes!”, salienta.
Por fim deixa um pedido a todos: “Vivam a vida para fazer a diferença! Um beijinho enorme da amiga, da parceira, da empresária, da Tia, da Mãe...a singular Kikas!”.