Mads Nissen: “Não esquecemos o Afeganistão: quisemos esquecê-lo”

Mads Nissen trouxe do Afeganistão o retrato de um país mergulhado num pesadelo humanitário. Ao P3, o fotojornalista lembra que é preciso saber separar um governo indesejado do seu povo.

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O rim de Khalil Ahmad, de 15 anos, foi vendido por 3200 euros no mercado de venda de órgãos, no Afeganistão, um negócio em expansão com o agravamento da crise humanitária ©Mads Nissen / Politiken / Panos
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Quando, em Janeiro de 2022, o fotojornalista Mads Nissen pisou, pela terceira vez, solo afegão, foi confrontado com uma realidade que o “surpreendeu horrivelmente”. Assim que saiu do aeroporto de Cabul, o carro onde seguia foi imediatamente cercado por dezenas de “crianças famintas” que pediam dinheiro, comida. “Eu já viajei o suficiente pelo mundo para conhecer o rosto da miséria”, conta o dinamarquês ao P3, no tom pausado de quem revisita uma memória difícil, no mês que marca os dois anos da retirada do Exército dos Estados Unidos do Afeganistão e o segundo aniversário do segundo governo taliban no país. “Eu conheço bem o aspecto do desespero, da fome, e, em Cabul, não tive dúvidas de que estava diante de um país em absoluto colapso. Foi devastador.”

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