Calor e tempo seco estão de volta a Portugal — e a chuva não regressa tão cedo
Depressão no Atlântico poderá baralhar previsões a partir de quinta-feira, mas período de “tempo quente e seco” chegou para ficar. Ministro alerta para risco de incêndio com subida de temperaturas.
Depois de uns dias com temperatura mais amena e alguns chuviscos, segue-se um período de “tempo quente e seco” em Portugal, sem chuva à vista. Com início previsto para a tarde de domingo, 20, a subida de temperaturas será generalizada e prolongar-se-á até, pelo menos, quinta-feira, 24, de acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“O fim-de-semana começa ainda com alguma chuva, poderá existir alguma nebulosidade e chuviscos. Amanhã [sábado] teremos já uma subida de temperatura e no domingo [o estado do tempo] muda completamente de figura”, começa por explicar Pedro Sousa, meteorologista no IPMA.
A subida de temperatura começa primeiro no Sul do país, com Lisboa a passar já os 30ºC no domingo. Na quarta-feira – dia de temperatura maior para a próxima semana –, a máxima na capital do país fixa-se nos 35ºC. No interior do país, a temperatura voltará a ultrapassar os 40ºC em algumas zonas: Castelo Branco deverá chegar aos 41ºC já na terça-feira, com os distritos da zona norte a registarem também temperaturas mais altas nos próximos dias.
“Para já, pelo menos, parece que este calor irá continuar e agravar-se um pouco. É provável que a partir de segunda ou terça-feira os avisos possam ser agravados em distritos do interior ou da zona sul”, aponta Pedro Santos.
Com as previsões a dez dias do IPMA a apontarem exclusivamente tempo seco, quando voltam, então, a chuva e as temperaturas mais frescas? Quanto mais se tenta ver no futuro, menor é a fiabilidade da previsão meteorológica, mas há um factor que pode baralhar as contas do instituto já a partir de quinta-feira: a existência de uma depressão no Atlântico.
“[De] precipitação digna desse nome, para já, não temos qualquer perspectiva. No final da próxima semana existe bastante incerteza nos modelos quanto à posição de uma depressão no Atlântico. Essa incerteza pode resultar em cenários drasticamente diferentes: tanto pode prolongar o calor – promovendo fluxos de ar quente mais a sul –, como pode existir um detalhe, uma peça do puzzle, que mude [a previsão]. Mas, para essa altura, não conseguimos [ainda] dar grandes previsões”, detalha Pedro Santos.
Ministro alerta para risco de incêndio
Nesta quinta-feira, o ministro da Administração Interna alertou os portugueses para o aumento do risco de incêndio, mencionando precisamente o tempo quente e seco previsto pelo IPMA para os próximos dias.
"Entre os dias 20 e 25 de Agosto, vamos ter temperaturas de novo muito quentes e momentos de seca extrema no país e, portanto, o apelo que faço é para que, mais uma vez, se procure evitar o uso do fogo, seja para uso doméstico, agrícola, florestal, seja no uso de máquinas agrícolas ou florestais", afirmou José Luís Carneiro, citado pela agência Lusa.
Neste momento, mais de 40 concelhos dos distritos de Guarda, Castelo Branco, Bragança, Vila Real, Viseu e Faro representam perigo máximo de incêndio rural nesta sexta-feira, com mais 80 outros concelhos do país em risco muito elevado. Os avisos do IPMA podem ser revistos e agravados consoante o aumento da temperatura e o prolongamento do tempo seco, conforme explica o meteorologista Pedro Santos.
Face aos dias de calor que se avizinham, restam os conselhos de sempre: beber muita água, evitar longos períodos de exposição nas horas de maior intensidade solar e, se possível, manter as habitações o mais frescas possível.
Já quanto ao risco de incêndios, o fundamental é evitar comportamentos de risco. Nos dias de perigo "muito elevado" ou "máximo", é proibido o lançamento de foguetes, fumar em áreas florestais, fazer queimadas ou a utilização de certo tipo de motosserras ou outros instrumentos que gerem faísca ou calor. A utilização de máquinas agrícolas, florestais ou alfaias é apenas permitida entre o momento do pôr-do-sol até às 11h da manhã seguinte, para diminuir o risco.