Maioria dos países da CEDEAO favorável à intervenção militar no Níger
Chefes do Estado-Maior da CEDEAO estão reunidos na capital do Gana. “Há uma altura em que é preciso estabelecer limites”, disse o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança da organização.
A "maioria" dos países da CEDEAO está empenhada em participar numa eventual intervenção militar para restabelecer a ordem constitucional no Níger, afirmou esta quinta-feira o comissário para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança da organização regional, Abdel-Fatau Musah.
"Todos os países, excepto os que estão sob domínio militar [Burkina Faso, Mali e Guiné-Conacri] e um pequeno país [Cabo Verde] (…) estão determinados" a participar numa eventual intervenção, disse Musah.
O comissário transmitiu esta mensagem à margem da reunião de dois dias dos chefes de Estado-Maior dos países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que esta quinta-feira teve início em Acra, capital do Gana.
Esta é a segunda reunião dos chefes militares do bloco regional para discutir o plano para o eventual recurso à força para resolver a crise no Níger, na sequência do golpe de Estado de 26 de Julho.
"Há uma altura em que é preciso estabelecer limites. O facto de termos tido três golpes de Estado bem-sucedidos [na região] e de não ter sido aplicada uma resposta forte não significa que devamos permitir que o dominó continue", sublinhou Musah.
A reunião em Acra tem lugar depois de os chefes de Estado e de Governo do bloco de 15 países da CEDEAO terem ordenado a "activação" da "força de reserva" da organização, a 10 de Agosto, embora tenham garantido que continuariam a apoiar o diálogo para resolver a crise.
Nem Cabo Verde nem Guiné-Bissau participam nesta reunião, onde estão presentes os chefes de Estado-Maior de Nigéria, Gana, Costa do Marfim, Senegal, Togo, Benim, Serra Leoa, Libéria e Gâmbia.
Níger, Burkina Faso, Mali e Guiné-Conacri estão suspensos da organização por causa dos golpes militares.
Até ao momento, a junta militar golpista de Niamey ignorou as ameaças e, além de deter o Presidente deposto, Mohamed Bazoum, nomear um novo primeiro-ministro, formar um governo de transição, reforçar o seu aparelho militar e fechar o espaço aéreo, avisou que o uso da força será objecto de uma resposta "instantânea" e "enérgica".