Dóceis e absurdos, os cães de loiça guardavam as casas portuguesas

Dálmatas, dobermen, cockers, normalmente ao lado de uma planta de interior suculenta, protegiam os portugueses dos anos 1970 e 1980 (e não só) dos intrusos, do vazio decorativo… e da solidão.

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Dálmata de loiça, um objecto icónico Scapo/Getty Image
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Há dez anos, o visitante do Palácio da Ajuda entrava na Salinha dos Cães e via, perfeitamente enquadrados entre pinturas, reposteiros e mobiliário nobre, Bragança e Bartolomeu. Dois cães de loiça com direito a nome porque estavam cobertos de croché e eram obras de Joana Vasconcelos quando da exposição-blockbuster que a artista plástica portuguesa fez na antiga residência real em Lisboa. Se Joana Vasconcelos reinventou, é porque são uma parte da portugalidade e uma cola da identidade nacional no final do século XX. Os cães de loiça ganharam espaço na casa de D. Luís e Maria Pia depois de terem lugar cativo nas residências de milhares de portugueses.

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