Imposto em Itália e descida de rating nos EUA penalizam bancos na bolsa

Acções do sector bancário registaram quedas acentuadas no seu valor durante a sessão desta terça-feira.

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Bancos italianos, como o Intesa Sanpaolo, estão a registar perdas no seu valor em bolsa Reuters/Stefano Rellandini
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Depois do lançamento de um imposto extraordinário pelo Governo italiano, a Moody’s anunciou a descida de rating de vários bancos norte-americanos, acentuando a queda a que as acções do sector bancário já estavam a ser sujeitas nesta terça-feira nos mercados accionistas internacionais.

Logo na segunda-feira ao final do dia, com o anúncio por parte do vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, da introdução este ano de um imposto extraordinário de 40% sobre a margem financeira dos bancos a operar no país, ficou evidente que esta terça-feira não ia ser fácil para o sector. Sem surpresa, logo no arranque da sessão, os dois maiores bancos italianos, o Intesa Sanpaolo e o UniCredit, registaram perdas significativas, de 7,9% e 6,6%, respectivamente, na primeira meia hora da sessão, que se estenderam até ao final do dia.

O efeito, no entanto, rapidamente se alastrou ao resto do sector na zona euro. Talvez com o receio de que outros governos sigam, num cenário de escalada generalizada dos lucros dos bancos, o exemplo do italiano, as perdas bolsistas alargaram-se a bancos de outros países. O índice Euro Stoxx, que reúne um conjunto alargado de bancos europeus, registava, ao final da manhã desta terça-feira, uma descida de 4,3% face ao fecho do dia anterior, uma desvalorização que estabilizou na casa dos 3% quando encerrou a sessão

Já em Portugal, as acções do BCP registavam, no fecho do dia, uma perda de cerca de 3,5%.

O ambiente na banca europeia agravou-se ainda mais com a notícia, vinda do outro lado do oceano Atlântico, de que a agência de notação financeira Moody’s decidiu baixar os ratings atribuídos a dez bancos de pequena e média dimensão nos EUA, colocando outras seis instituições financeiras já de maior dimensão em reavaliação para uma possível descida de rating no futuro.

A Moody’s justifica a decisão com a sua opinião de que o sector bancário nos EUA irá ter, nos próximos meses, a sua capacidade para conceder crédito sob pressão devido aos maiores riscos que enfrenta na obtenção de fundos. O sector bancário nos EUA, ainda a tentar sair da crise que enfrentou em Março após a falência de vários bancos de média dimensão, registou uma diminuição dos lucros e arrisca-se agora a enfrentar uma recessão económica e as habituais consequências que um cenário desse tipo tem para a evolução do crédito malparado.

Este é mais um sinal de alerta para os bancos centrais e para os riscos que a subida das taxas de juro que realizaram trazem não só para as economias, como para a estabilidade do sector bancário.

Na abertura dos mercados accionistas nos EUA, o sector bancário foi, tal como já está a acontecer na Europa, fortemente penalizado, com desvalorizações entre os 2% e os 4%, incluindo em grandes bancos como o Citigroup ou o Goldman Sachs, que ficaram fora da reavaliação da Moody's.

Imposto em Itália

Governo italiano lançou o imposto extraordinário de 40% sobre a margem entre os juros dos empréstimos e dos depósitos obtida pelo sector este ano como resposta aos lucros mais altos alcançados pelos bancos na primeira metade deste ano.

O imposto será aplicado de forma extraordinária este ano e incidirá sobre a margem líquida dos bancos, isto é, sobre a diferença entre aquilo que os bancos conseguem ganhar com os juros cobrados sobre os empréstimos e o que pagam em juros pelos depósitos e outras fontes de financiamento.

O alargamento desta margem no decorrer deste ano foi a razão dada pelo Governo italiano para aplicar agora um imposto extraordinário. “Se é verdade que os encargos derivados do custo do dinheiro duplicaram para as famílias e empresas, aquilo que os detentores de depósitos receberam certamente não duplicou”, afirmou Salvini, citado pela agência Reuters.

O número dois do governo liderado por Giorgia Meloni assinalou ainda que, quando se olha para os lucros da banca na primeira metade do ano, “não estamos apenas a falar de alguns milhões, estamos a falar de milhares de milhões”.

A subida das taxas de juro do Banco Central Europeu está em Itália, como na generalidade dos outros países da zona euro, a reflectir-se de forma mais rápida no custo de financiamento das famílias e das empresas do que nas taxas de juros dos depósitos pagas pelos bancos aos seus clientes, o que tem conduzido a lucros mais avultados, principalmente no decorrer dos primeiros meses deste ano.

Também em Portugal este fenómeno é evidente, com os cinco maiores bancos a operar no país a registarem, no primeiro semestre do ano, lucros totais de 1994 milhões de euros, o maior valor de que há registo na história recente do sector e que foi explicado em 1800 milhões de euros com o alargamento da margem financeira conseguida pelos bancos.

Em Itália, afirmou Salvini, a receita esperada pelo Governo é de pelo menos 2000 milhões de euros, valor que irá ser usado para financiar o apoio financeiro do Estado aos que têm empréstimos para amortizar e para baixar impostos.

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