Ucrânia detém mulher suspeita de ajudar a planear homicídio de Zelensky
Suspeita terá tentado obter informações sobre visita do Presidente da Ucrânia à região de Mikolaiv. Forças ucranianas continuam a atacar infra-estruturas importantes para o esforço de guerra russo.
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Os serviços secretos ucranianos anunciaram a detenção de uma mulher alegadamente envolvida num plano para assassinar o Presidente do país, Volodymyr Zelensky, durante uma deslocação a Mikolaiv.
Em comunicado, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) especificou que “a mulher tentou obter as horas e a lista de locais” que Zelensky ia visitar e “foi instruída para identificar sistemas electrónicos e depósitos de munições das Forças Armadas ucranianas”, com o objectivo de ajudar as forças russas “a preparar um novo ataque aéreo maciço”. O comunicado vem acompanhado por uma fotografia desfocada da mulher, mensagens de telemóvel e notas manuscritas que, segundo o serviço, comprovam as actividades ilícitas da detida.
Zelensky esteve na região de Mikolaiv por duas vezes nos últimos dois meses: a primeira em Junho depois do rebentamento da barragem de Kakhovka e a segunda no fim de Julho. O comunicado não especifica para quando é que a Rússia planeava o alegado ataque, dizendo apenas que foram tomadas “medidas de segurança adicionais” durante a visita, mas que a mulher não foi detida logo para que fosse possível “saber mais sobre os seus interlocutores russos e as missões que lhe foram atribuídas”. Terá sido “apanhada em flagrante” a passar informações sensíveis à Rússia.
Os serviços secretos ucranianos anunciam regularmente as detenções de alegados “traidores”. Aliás, nesta segunda-feira houve outro comunicado do mesmo género ao princípio da tarde: um trabalhador ferroviário de Kharkiv foi apanhado a tentar obter informação sobre as rotas de fornecimento de armas e outro equipamento militar para a linha da frente.
O combate ao colaboracionismo com os russos tem sido uma dor de cabeça constante para a Ucrânia desde o princípio da invasão, em Fevereiro do ano passado. Há relatos de autarcas que negociaram a rendição das suas localidades sem disparar um tiro, de cidadãos que passaram informações sobre a localização da tropa ucraniana ou que praticaram actos de sabotagem para facilitar a passagem das forças russas. O próprio SBU esteve na mira de Zelensky há cerca de um ano, quando o Presidente demitiu o chefe do serviço e seu amigo de longa data, Ivan Bakanov, por não ter combatido eficazmente a infiltração de agentes russos nas fileiras dos serviços secretos.
Ataques a pontes
No terreno, os últimos dias ficam marcados por mais um ataque ucraniano a pontes no território ocupado pela Rússia, desestabilizando as rotas de abastecimento das forças invasoras.
As pontes rodoviárias de Chonhar e de Henichesk, ambas na fronteira entre a região de Kherson e a península da Crimeia, foram atingidas por mísseis no domingo e terão ficado, pelo menos, parcialmente destruídas. “O tabuleiro da ponte [de Chonhar] está danificado”, admitiu Serguei Aksionov, o governador de Kherson nomeado pela Rússia. Fontes militares russas divulgaram imagens das pontes com danos e afirmaram que os ataques foram levados a cabo com recurso aos mísseis britânicos de longo alcance Storm Shadow.
Chonhar e Henichesk são duas das quatro principais ligações entre Kherson e a Crimeia e ficam na costa do mar de Azov. As forças ucranianas já tinham atacado a ponte ferroviária de Chonhar e, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, não é certo que as forças russas tenham conseguido reparar essa via. “Os danos na ponte do estreito de Henichesk vão provavelmente levar substancialmente mais tempo a reparar”, avalia este think tank norte-americano.
O instituto acrescenta que os danos nas duas pontes vão obrigar os russos a usar uma secção de auto-estrada mais próxima da costa do mar Negro, o que “provavelmente vai criar perturbações significativas à logística” e deixar os carregamentos militares russos mais expostos aos ataques da artilharia ucraniana.
“Estão a decorrer combates ferozes e a tropa ucraniana continua a criar as condições para avançar, passo a passo”, disse esta segunda o chefe de Estado-maior ucraniano, Valeri Zalujni. “A iniciativa está do nosso lado”, acrescentou.