Segunda ronda da privatização da Azores Airlines leva interessados a subir propostas

Os dois consórcios interessados na empresa da SATA apresentaram novas ofertas de 7,026 euros e 6,60 euros por acção. Decisão final será tomada até ao início de Outubro.

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Alienação da Azores Airlines foi exigência de Bruxelas Nuno Ferreira Santos
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Faltavam dez minutos para as 13h açorianas. Na sede da SATA, em Ponta Delgada, a sala escolhida para a divulgação das propostas para a privatização da Azores Airlines já estava cheia, tornando-se pequena para tantos interessados. Aparentemente, já estava toda a gente no local – a começar pela presidente da SATA, Teresa Gonçalves, e pelos representantes dos consórcios , mas Augusto Mateus, líder do júri, avisou que o acto público só iria arrancar à hora combinada.

Seguiram-se longos minutos. Todos sentados a aguardar. Em silêncio. À hora certa, o professor universitário e ex-ministro do PS, deu início ao round 2 da divulgação das propostas de privatização. Uma sessão que não estava prevista, mas que foi marcada depois de na semana passada ter sido divulgado que os dois interessados ofereceram o mesmo valor por acção (6,5 euros).

Abertos os envelopes, foi anunciado que o Atlantic Consortium e o consórcio Newtour/MS Aviation subiram as respectivas propostas, sem alterar, contudo, a percentagem do capital social que pretendem adquirir.

O primeiro, formado pelas empresas Vesuvius Wings (sede em Nova Iorque), White Airways (sediada em Porto Salvo), Old North Ventures (da ilha de São Miguel), Consolidador (Lisboa) e EuroAtlantic Airways (Carnaxide), ofereceu 7,026 euros por acção para comprar 74,85% da companhia que liga os Açores ao exterior. Uma oferta total de 5,26 milhões de euros.

O segundo consórcio, formado pela Newtour/ MS Aviation, subiu a proposta em dez cêntimos (6,60 euros), uma oferta que pretende adquirir 76% da transportadora, com o valor de 5,016 milhões de euros.

“Havia a possibilidade não a necessidade de os concorrentes subirem o preço. Foi o que fizeram. Tinham o mesmo preço e agora passaram a ter preços diferentes. Ambos superiores aos 6,50 que tinham apresentado na primeira proposta”, explicou Augusto Mateus aos jornalistas no final do acto.

O presidente do júri lembrou, todavia, que o preço por acção é apenas um dos critérios e não é o mais relevante. Segundo o caderno de encargos, o preço vale 15% da avaliação final, sendo a “garantia de execução de um adequado e coerente projecto estratégico” e a “contribuição para o reforço da capacidade económico-financeira” da empresa os factores mais relevantes (25% cada).

Os representantes dos dois consórcios são duas figuras conhecidas do sector empresarial da região. O rosto do Atlantic Consortium é Luís Nunes, responsável pelo portal de viagens Azores Getaways, uma marca da Ideastation que está a ser alvo de uma queixa em tribunal por parte da SATA para a cobrança de 2,3 milhões de euros. Augusto Mateus confessou não ter conhecimento do caso, mas disse tratar-se de uma situação que o júri “tem de analisar” para perceber se pode influenciar a decisão.

Já o líder do outro consórcio é Tiago Raiano, que ficou conhecido pela actividade da NewTour, que detém as marcas Soltrópico, Picos de Aventura e Bestravel, e que comprou em Junho, juntamente com a Bestfly, a companhia austríaca MS Aviation. A NewTour/MS Aviation pediu a confidencialidade do fundamento da oferta, uma situação que não estava prevista e que o presidente do júri espera que não atrase o processo.

“Quanto mais depressa tivermos uma solução, mais depressa divulgamos as propostas e nos podemos concentrar em todos os elementos que são necessários para produzir o relatório.” O relatório final vai ser divulgado no fim de Setembro ou início de Outubro.

O caderno de encargos prevê a venda de no “mínimo” 51% e no “máximo” de 85%, seguindo aquilo que foi uma exigência da Comissão Europeia, quando em 2022 aprovou uma ajuda estatal de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias à SATA.

De acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas, a Azores Airlines foi responsável “por cerca de 90% dos prejuízos acumulados entre 2013 e 2019” (cerca de 260 milhões de euros) da SATA, grupo que também detém a SATA Air Açores, que opera interilhas e que se vai manter na esfera pública regional.

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