Auchan Portugal compra supermercados Minipreço por 155 milhões de euros
Negócio envolve as 489 lojas das marcas Minipreço e Mais Perto e três armazéns. Grupo Dia sai do sector da distribuição em Portugal.
A Auchan Portugal anunciou esta quinta-feira a aquisição de toda a operação do grupo Dia em Portugal, um negócio que envolve 155 milhões de euros. Com esta venda, o grupo espanhol sai do mercado de retalho português.
A aquisição inclui os 489 supermercados da insígnia Minipreço e Mais Perto, até agora detidas directamente pela Dia ou em regime de franchising, três armazéns, e contratos, licenças e activos necessários para a operação, lê-se num comunicado conjunto.
O negócio acontece depois de, já este ano, em Março, o grupo Auchan ter adquirido 235 supermercados de tamanho médio à mesma empresa de distribuição, neste caso em Espanha, por 267 milhões de euros.
A transacção em Portugal, que reforça a presença do grupo francês no mercado nacional, até agora mais focado em hipermercados (até 2019 sob a marca Jumbo), ainda está sujeita à aprovação da Autoridade da Concorrência. A expectativa das empresas é de que possa estar concluída nos próximos meses.
“O acordo entre a Auchan e a Dia estabelece a integração dos 2650 colaboradores do Minipreço e prevê o reforço da posição da Auchan no formato de proximidade, graças à grande capilaridade da insígnia Minipreço em todo o país”, refere-se no comunicado.
Já o grupo Dia, que iniciou actividade em Portugal em 1993, justifica “a aposta em sair deste mercado [Portugal] para se centrar no seu foco estratégico, a distribuição alimentar de proximidade, nos países onde tem uma posição de relevância que lhe permita estabelecer a sua proposta de valor com a ambição de ser a loja de bairro e online favorita dos clientes”.
Nos últimos anos, a Dia tem passado por dificuldades financeiras, tendo evitado a insolvência em 2019, através do reforço da posição accionista do empresário de origem russa Mikhail Fridman, actualmente maioritário, e de um acordo com os bancos.
“Como demonstram os resultados, entrámos numa fase de consolidação do crescimento e o nosso objectivo é que a Dia se concentre nos países onde tem potencial de crescimento. Para isso é necessário enfrentar o cenário actual e simplificar o perímetro do grupo Dia”, explica Martín Tolcachir, presidente executivo do grupo, na informação divulgada esta quinta-feira.
Martín Tolcachir acrescenta que a decisão de vender o negócio em Portugal “não foi fácil”, mas “é a certa”, adiantando que o objectivo é “crescer com uma única insígnia, a do Dia”.
Centromarca "saúda" negócio
Citado igualmente no comunicado, o director-geral da Auchan Retail Portugal, Pedro Cid, avança que “a aquisição representa uma forte aposta da Auchan, ao juntar a sua experiência de mais de 50 anos de hipermercados em Portugal ao segmento de proximidade e também ao modelo de franchising, que é um dos pontos fortes do Minipreço”.
“O cliente terá uma proposta completa e próxima, em todos os canais e serviços, com uma oferta variada, com forte aposta nos produtos frescos, na saúde, no preço e em todas as soluções para o dia-a-dia das famílias portuguesas”, acrescenta.
De acordo com a informação divulgada na página oficial na Internet, o grupo Auchan está presente em 12 países. Em Portugal, possui 32 hipermercados, quatro supermercados e 40 lojas de proximidade. A este universo juntam-se ainda 17 lojas franchisadas e 30 gasolineiras.
A Dia, segundo informação anterior ao negócio agora anunciado, contava com 5435 lojas em Espanha, Argentina, Brasil e Portugal, 62% das quais geridas por franqueados. Em paralelo, esta terça-feira, a empresa tinha anunciado o cancelamento da venda de 1015 lojas da cadeia de perfumaria e cosmética Clarel, em Portugal e em Espanha, ao fundo C2 Private Capital, alegando não terem sido cumpridas todas as “condições suspensivas” do acordo assinado no final do ano passado.
Entretanto, a A Centromarca - Associação Portuguesa das Empresas de Produtos de Marca, “saúda” o acordo de compra do negócio de distribuição da Dia pelo Auchan, por “reforçar, à partida, o espaço de que as marcas necessitam para manterem a sua relação de confiança com os consumidores”.
Em comunicado, Nuno Fernandes Thomaz, presidente da Centromarca, diz que o negócio, “se autorizado pela Autoridade da Concorrência, afigura-se como potencialmente interessante, pois poderá ser um passo positivo rumo a um mercado de grande consumo mais competitivo e equilibrado em Portugal”.