Projectos de Keli Freitas e Fábio Krayze vencem programa de criação artística Casa

A iniciativa apoia cada vencedor com 25 mil euros e residências artísticas. O projecto Casa “procura ser um estímulo à criação nas áreas da dança, do teatro e de cruzamentos disciplinares”.

Foto
Keli Freitas Pri Maria

Os projectos Volta para a tua terra, da brasileira Keli Freitas, e Musseque, do angolano Fábio Krayze, foram os escolhidos para a segunda edição do programa de residências e criação artística Casa, anunciaram esta quarta-feira os promotores da iniciativa: o Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, o Cineteatro Louletano e o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.

A iniciativa atribui a cada um dos vencedores apoios num montante total de 25 mil euros. Os apoios, segundo os promotores, incluem a realização de uma residência no Espaço do Tempo, com a duração de cerca de sete semanas, e uma outra, de cerca de duas semanas, no local de estreia absoluta da obra.

"O Projecto Casa procura ser um estímulo à criação nas áreas da dança, do teatro e de cruzamentos disciplinares, e um contributo para o desenvolvimento sustentável do percurso de artistas nas referidas áreas", assinalam os promotores.

Volta para a tua terra, de Keli Freitas, artista brasileira que reside em Portugal há seis anos, venceu na área do teatro e cruzamentos disciplinares. Este projecto artístico destacou-se pela "pertinência artística, cultural, social e política", bem como pela "importância dos temas tratados e abordagem poética proposta".

Keli Freitas, "a partir da busca pela sua bisavó portuguesa, desafia as ideias de imigração e pertença", pensa "de forma comprometida as noções de cidadão e de estrangeiro", e confronta "estruturas em que se apoie qualquer xenofobia".

O projecto é também "um trabalho de investigação sobre os infindáveis começos das histórias, mas também sobre o apagamento de biografias femininas, seja no microuniverso familiar ou no macro da história universal".

Volta para a tua terra vai estrear-se a 14 de Junho de 2024 no Centro Cultural Vila Flor, no âmbito dos Festivais Gil Vicente.

Musseque, de Fábio Krayze, nascido em Angola e a viver em Portugal há mais de 20 anos, ganhou no domínio da dança e cruzamentos disciplinares.

O projecto evidenciou-se "pela pungência discursiva, pela singularidade da abordagem e pela importância em contribuir para o fomento, a visibilidade e a sustentabilidade de formas e práticas estéticas historicamente afastadas dos principais circuitos artísticos".

Foto
Fábio Krayze Mariana Vicente

Em Musseque, que se estreia a 15 de Novembro de 2024 no Cineteatro Louletano, "irão revisitar-se as periferias de Luanda que são casa, os discursos que são a revolução e os corpos que são a resistência, num ritmo alucinante de quem continua para lá da guerra".

O júri desta edição foi constituído por Paulo Silva, Pedro Barreiro e Rui Torrinha, directores artísticos das três estruturas organizadoras.

Quanto aos vencedores da primeira edição, a associação cultural Silent Party apresentou Um quarto só para si, em Junho passado, no Centro Cultural Vila Flor, enquanto Campo - Força - Chama, de Josefa Pereira tem estreia marcada para 22 de Setembro, no Cineteatro Louletano.