Bordalo II e a Igreja ou a arte de não perceber nada de nada

Bem sei que um artista de street art gosta de cultivar uma certa irreverência, mas quem se quer armar em Banksy paga o preço – não há cá contratos públicos para ninguém.

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Tive um professor de cinema que espumava de indignação sempre que se recordava do aluno que resolvera, no seu primeiro filme, colocar a câmara ao nível do chão. O aluno tinha tido a ideia de realizar o filme de final de curso a partir do olhar subjectivo de um cão, convencido de que estava a ser original. O professor considerava aquilo o cúmulo do horror – como era possível que alguém, da primeira vez que tivera uma oportunidade para filmar, colocasse a câmara à altura de um cão? Mais do que uma monstruosidade estética, aquilo parecia-lhe uma monstruosidade ética. Era não perceber nada do que devia ser o cinema e o gesto artístico.

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