A feira do livro que não é, nem quer ser, “a maior” celebra Manuel António Pina

Com mais de uma centena de livrarias e selos editoriais e 110 actividades, a Feira do Livro do Porto acontece de 25 de Agosto a 10 de Setembro nos jardins do Palácio de Cristal

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A Feira do Livro do Porto decorre entre 25 de Agosto a 10 de Setembro NELSON GARRIDO
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O “desencontro” entre o município do Porto e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) “permanece” e a Feira do Livro do Porto voltará a acontecer, de 25 de Agosto a 10 de Setembro, sem a presença, em stands próprios, de algumas das grandes editoras portuguesas. Mas isso não é um problema para a cidade, que desde 2014 organiza o evento por sua iniciativa, reafirmou Rui Moreira esta segunda-feira, durante a apresentação do programa deste ano nos jardins do Palácio de Cristal, a "casa" da feira. O Porto “pedia um verdadeiro festival literário” e a diferença face a outras feiras fez-se arma por ali: “Não é a maior, nem pretende ser”, apontou o autarca no seu discurso.

A presença de “mais de uma centena de livrarias e selos editoriais” garantirá, de resto, a presença dos livros dessas editoras, que Rui Moreira preferiu não nomear quando questionado pelo PÚBLICO sobre o assunto. A “democratização” da Feira do Livro do Porto, com um preçário “muito convidativo”, está feita, sublinhou o presidente da Câmara do Porto, almejando que essa linha se mantenha depois da sua saída. A feira do Porto, rematou, não pretende ser “um mercado de títulos a preço de saldo”, mas antes um tempo e espaço de fruição.

Este ano, o programa conta com mais de 110 actividades, entre lançamentos de livros, conversas, concertos, sessões de cinema e spoken words e várias iniciativas para o público infanto-juvenil. A homenagem, com uma programação em seu torno e o simbólico baptismo de uma tília com o seu nome, será feita a Manuel António Pina (1943-2012). Ou, para usar palavras que agradassem mais ao poeta, escritor e jornalista, a “evocação”, apontou Rui Lage, o comissário convidado desta edição: “Uma evocação da pessoa e da obra. Da memória da pessoa. Não uma cerimónia, como algo que não lhe pertencesse. A ele, Pina, e a nós. Algo menos que uma homenagem e algo mais que uma homenagem.”

No dia da abertura (25 de Agosto) será inaugurada a exposição “Pina Germano”, com memórias, fotografias e outros documentos de uma “grande história de amizade, amor e correspondência portuense dos nossos dias”: a do escritor Manuel António Pina e do contador de histórias Germano Silva, como escreve Jorge Sobrado na apresentação dessa mostra.

Haverá uma instalação de Leonor Violeta na Concha Acústica, feita a partir do poema Como se Desenha uma Casa, de Manuel António Pina; e uma conferência intitulada A presença do Mistério, a cargo de Rui Lage, que viaja por “algumas singularidades poéticas do homenageado”. Também Ricardo Araújo Pereira irá estar no Porto, 12 anos depois de ter escrito uma crónica sobre as crónicas de Pina, para explicar de que forma o humor e a poesia podem dar sentido à vida (4 de Setembro, 19h).

“A palavra vai florir nesta edição”, começou por apontar João Gesta, programador literário e coordenador desta feira, que acredita que este evento pode estreitar a “relação da cidade com o livro e a leitura”. Para o também escritor de vários livros “de fricção”, como aponta a sua biografia nas livrarias, este será um festival literário “fecundo, construído em torno da palavra, essa potência invencível”, com uma “programação rica, diversificada, multidisciplinar e inclusiva”.

Entre os convidados – que o programador João Gesta quis diversificar para várias áreas artísticas, tornando o programa “muito abrangente” – destacam-se Germano Silva, Álvaro Magalhães, João Botelho, Afonso Cruz, António Guerreiro, Rui Cardoso Martins, Ana Deus, Pedro Mexia, Valério Romão, B Fachada, Luca Argel ou Ricardo Araújo Pereira.

Com um investimento de 650 mil euros e uma renovação dos stands para os tornar mais “convidativos” e adaptados a quem tenha mobilidade reduzida, Rui Moreira está optimista quanto a esta edição: "Estamos convencidos de que este ano, com esta homenagem a uma pessoa muito especial da cidade do Porto, Manuel António Pina, com um grande conjunto de actividades, a edição vai encher os jardins do Palácio de Cristal."

Nesta espécie de “rentrée cultural da cidade”, como Rui Moreira apelidou, haverá conversas diárias no auditório da Biblioteca Almeida Garrett; concertos para Dar Corda à Palavra, sempre às 19h, com abertura feita por Mafalda Veiga (25 de Agosto) e fecho a cargo de A Garota Não (11 de Setembro); momentos de exploração da faceta humorística de Pina, com a poesia do Colectivo RIR e o colectivo O CoPo, e ainda um teatro de fantoches com Hugo van der Ding.

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