Londres vai alargar zona “de ar limpo” da cidade com taxa para carros poluentes

A expansão do plano opôs presidente da Câmara de Londres e os defensores da saúde àqueles que afirmam não poder tolerar mais um golpe económico numa altura em que o custo de vida aumenta.

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Presidente da Câmara de Londres recebeu luz verde do tribunal para expandir a Zona de Emissões Ultra Baixas EPA/NEIL HALL

Um plano para expandir o "projecto de ar limpo" de Londres, que envolve a cobrança dos veículos mais poluentes da cidade, será levado adiante no final do próximo mês, disse o presidente da câmara na sexta-feira, depois de o Tribunal Superior de Londres ter considerado a medida legal.

A Zona de Emissões Ultra Baixas (ULEZ, na sigla em inglês) da capital britânica cobra uma taxa diária de 12,50 libras (14, 58 euros) aos condutores de veículos que não cumprem as normas, a fim de combater a poluição e melhorar a qualidade do ar.

No ano passado, o presidente da Câmara de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, decidiu alargar o regime a quase toda a área da Grande Londres, abrangendo mais cinco milhões de pessoas em bairros periféricos mais pobres e com menos ligações, a partir de 29 de Agosto.

Cinco autoridades locais lideradas pelos conservadores argumentaram, nessa altura, que a decisão de alargar a ULEZ às suas áreas era ilegal, mas a sua contestação legal foi rejeitada na sexta-feira.

"Esta decisão histórica é uma boa notícia, pois significa que podemos prosseguir com a limpeza do ar nos arredores de Londres", afirmou Khan numa declaração após a decisão.

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Sinais marcam um bairro de baixo tráfego em Londres, Grã-Bretanha, 31 de Julho de 2023. EPA/NEIL HALL

A agenda verde

A agenda verde da Grã-Bretanha tem estado em foco na última semana, depois de o Partido Conservador, no poder, ter vencido a eleição suplementar de Uxbridge e South Ruislip, o antigo círculo eleitoral do ex-primeiro-ministro Boris Johnson, em parte atacando a expansão da ULEZ.

O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, disse após essa votação que o partido, que está bem à frente nas sondagens nacionais, deveria reflectir sobre o papel decisivo do regime no resultado.

Embora Starmer e Khan estejam em desacordo sobre a política, esta foi introduzida pela primeira vez por um conservador - o próprio Johnson, quando era presidente da Câmara de Londres.

O juiz Jonathan Swift rejeitou os três fundamentos da contestação à expansão da ULEZ, incluindo o facto de a consulta pública sobre a expansão proposta ter sido ilegal.

O tribunal também rejeitou o caso dos conselhos em relação à decisão de Khan de não estender um esquema para apoiar o abate de veículos de 110 milhões de libras (cerca de 128 milhões de euros) para aqueles que vivem fora da área expandida da ULEZ.

Khan afirmou que iria alargar o programa de abate de veículos a quase um milhão de famílias que recebem abono de família e a pequenas empresas com um máximo de 50 trabalhadores.

"A decisão de expandir a ULEZ foi muito difícil e não foi algo que eu tenha tomado de ânimo leve e continuo a fazer tudo o que for possível para responder a quaisquer preocupações que os londrinos possam ter", afirmou.

A expansão planeada do regime opôs Khan e os defensores da saúde àqueles que afirmam não poder tolerar mais um golpe económico numa altura em que o custo de vida aumenta.

Embora a autoridade de transportes de Londres afirme que apenas um em cada 10 carros nas suas áreas exteriores não cumpre os critérios das normas em vigor, este facto tem sido fortemente contestado, com alguns a afirmarem que o número real pode ser mais elevado.

Khan - que está a concorrer a um terceiro mandato de quatro anos nas eleições para presidente da Câmara de Londres em 2024 - disse que está determinado a enfrentar os seus críticos em relação ao seu plano, que faz eco de centenas de outros em vigor em cidades com tráfego intenso em toda a Europa.