Ministra da Defesa quer esclarecer comissão informal de Cravinho e Capitão Ferreira

Helena Carreiras mantém a confiança no seu ministério e assegura que há empenho “em garantir que tudo seja esclarecido”. O Bloco de Esquerda junta-se ao PSD no pedido de explicações a António Costa.

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Helena Carreiras sucedeu a João Gomes Cravinho na pasta da Defesa LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
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A ministra Helena Carreiras garantiu esta sexta-feira que mantém a confiança no Ministério da Defesa e que continuará "a dar todo o apoio" às instituições responsáveis por investigar a alegada comissão informal que Capitão Ferreira, ex-secretário de Estado da Defesa, integrou sem ter qualquer vínculo ao ministério quando era tutelado por João Gomes Cravinho. Também esta sexta-feira, o Bloco de Esquerda exigiu que o primeiro-ministro esclareça o caso.

"Estamos empenhados em garantir que tudo seja esclarecido. O mais importante é saber que temos instituições a fazer o seu trabalho. Temos o Ministério Público (há uma investigação em curso), temos a Inspecção-Geral da Defesa Nacional (a quem pedi um conjunto de auditorias) e há ainda o Tribunal de Contas", elencou Helena Carreiras.

A responsável pela Defesa mantém "confiança no ministério" e considera necessário "dar tempo às instituições para poderem fazer o seu trabalho com tranquilidade e com rigor". O ministério da Defesa "continuará a dar todo o apoio" necessário para tal, garantiu.

As declarações da ministra à RTP surgiram no seguimento da notícia avançada pela revista Visão, que adianta que o ex-secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, assessorou a Direcção-Geral de Recursos da Defesa Nacional enquanto trabalhava para o gabinete do então ministro da Defesa, Gomes Cravinho, numa alegada "comissão fantasma" sem vínculos ao ministério.

"Estamos a falar de casos que me antecedem", relembrou Helena Carreiras, mas que "nos devem alertar" e ajudar a retirar "aprendizagens do passado". É preciso pensar no que deve ser feito para "reforçar as nossas instituições, reorganizando-as, se necessário" e não "apenas reagir a posteriori", disse.

Não é a primeira vez que a ministra destaca a importância do trabalho das instituições no esclarecimento deste caso. Na passada quinta-feira, Helena Carreiras disse não ter conhecimento de comissões a trabalhar sem contrato desde que assumiu a pasta da Defesa. Mas, "a existirem, e em relação ao passado, deixemos as instituições fazer o seu trabalho, deixemos a justiça trabalhar, tranquilamente, com serenidade e rigor", acrescentou.

Bloco e PSD pedem explicações a Costa

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua pediu explicações ao chefe do Governo, António Costa. "Uma vez que o ministro João Cravinho não o fez e perdeu a oportunidade, no Parlamento, de esclarecer qualquer dúvida sobre esta matéria, é preciso que o primeiro-ministro tome uma decisão", defendeu a deputada.

Ou António Costa "esclarece cabalmente o envolvimento do ministro João Cravinho nos negócios da Defesa" ou então, se não o fizer, "não tem outra solução a não ser retirar confiança a João Cravinho", disse Mortágua.

A mesma exigência foi feita pelos sociais-democratas na passada quinta-feira: "O que aqui é importante é que o primeiro-ministro venha esclarecer o que se passou e venha dizer se mantém a confiança política no seu ministro, apesar de ele estar muito fragilizado", disse o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento.

Já o Chega e a Iniciativa Liberal optaram por voltar a insistir no pedido de demissão de Gomes Cravinho.

Segundo a Visão, entre Fevereiro e Março de 2019, Capitão Ferreira assessorou a Direcção-Geral de Recursos e Defesa Nacional no contrato relativo aos helicópteros EH-101 enquanto trabalhava para o gabinete de Gomes Cravinho, integrado numa alegada "comissão fantasma".

Quando questionado pela revista, o ministro Gomes Cravinho confirmou a colaboração, mas na audição conjunta com a actual ministra da Defesa, na passada sexta-feira, optou por não sinalizar tal realidade.

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