Do lado de fora da carapaça enegrecida do que costumava ser o seu restaurante, Dimitris Hajifotis lamenta a perda de um dos principais meios de subsistência devido aos incêndios florestais que assolaram a ilha grega de Rodes esta semana. "A minha vida parou", diz. "Tudo foi levado pelo fogo".
No interior do seu negócio destruído na aldeia costeira de Gennadi, há pilhas de pratos cobertas de cinzas e detritos perto da cozinha queimada.
Os incêndios florestais na ilha do mar Egeu ardem há uma semana, e obrigaram cerca de 20 mil pessoas, a maioria turistas, a fugir no fim-de-semana sob um calor abrasador, alguns a pé, outros por mar, enquanto o céu nocturno se tornava de um laranja apocalíptico.
As chamas engoliram árvores, queimaram carros, danificaram casas e hotéis e deixaram animais mortos nas ruas.
Segundo a emissora estatal grega ERT, cerca de 10% da área da ilha ardeu, mas a escala da destruição ainda não foi oficialmente registada.
Para os habitantes de Rodes, que, tal como a maioria das ilhas gregas, dependem fortemente do turismo para obter emprego e rendimentos, as cicatrizes são profundas.
"Eu tenho dois empregos. Um é o restaurante, o outro é que sou agricultor. Todos os meus campos, agora, não são nada, só preto", disse Hadjifotis, que passou o Inverno a renovar o seu negócio. "Não sabemos por onde começar agora. Não temos dinheiro para fazer algo para reconstruir o restaurante".
O primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, que declarou ao Parlamento na segunda-feira que o país estava "em guerra", comprometeu-se a reconstruir o que foi perdido e a indemnizar os feridos pelos incêndios em Rodes e noutros locais do país onde os fogos têm avançado sem controlo.
"Não estamos à espera de nada de grande. Mas estamos à espera", disse Hadjifotis. "Queremos que o fogo pare. Que não ardam outras casas, nem outros restaurantes, nem outros campos", disse.
Os incêndios florestais de Verão são comuns na Grécia, mas as temperaturas recorde registadas nas últimas semanas agravaram as condições. Prevê-se que a vaga de calor persista esta semana, com temperaturas que poderão ultrapassar os 44 graus Celsius em algumas zonas.
Enquanto mais de 2000 turistas regressaram a casa em segurança desde segunda-feira, para os habitantes locais que ficaram para trás, o caminho para a normalidade será longo.
Lefteris Laoudikos, cuja família é proprietária de um pequeno hotel na cidade costeira de Kiotari, receia que os incêndios afastem os visitantes.
O seu hotel foi devastado pelo fogo e o pai, o primo e mais duas pessoas passaram a noite a tentar salvar a sua propriedade utilizando um tanque de água próximo, enquanto esperavam por ajuda. "Estávamos sozinhos."