Um avião que combatia incêndios florestais na Grécia caiu esta terça-feira e o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, alertou para dias difíceis pela frente, com as chamas a destruírem casas e a forçarem a evacuação vários locais com milhares de turistas da ilha de Rodes.
A emissora estatal ERT mostrou imagens do avião a despejar água sobre um incêndio e, em seguida, a cair numa encosta, seguindo-se uma explosão.
A força aérea grega disse que a bordo do avião anfíbio Canadair CL-215 estavam duas pessoas, quando este caiu sobre a ilha de Evia, a leste de Atenas. Dois helicópteros dirigiram-se para o local para realizar uma operação de busca e resgate, adiantou ainda a força aérea. Não foram fornecidos mais detalhes sobre as duas pessoas a bordo.
Centenas de bombeiros, ajudados por forças da Turquia e da Eslováquia, combatem as chamas que assolam a ilha de Rodes desde quarta-feira em condições duras, com altas temperaturas e ventos fortes. Estão a ser organizados vários voos de emergência para levar os turistas de regresso a casa.
Mitsotakis disse esta terça-feira que os próximos dias seriam difíceis, admitindo que as condições podem começar a melhorar depois de quinta-feira.
"Todos estamos atentos", disse. "Face ao que todo o planeta está a enfrentar, especialmente o Mediterrâneo, que é um ponto quente das alterações climáticas, não há um mecanismo de defesa mágico, se existisse já o teríamos aplicado."
Uma avaliação de cientistas publicada esta terça-feira conclui que as mudanças climáticas induzidas pelo homem desempenharam um papel "absolutamente esmagador" nas ondas de calor extremas que varreram a América do Norte, o sul da Europa e a China este mês.
Na Grécia, um procurador de Rodes abriu uma investigação sobre as causas dos incêndios e a preparação e resposta das autoridades, disse a emissora estatal ERT. Segundo o relatório, cerca de 10% da área terrestre da ilha ardeu.
Lefteris Laoudikos, cuja família é proprietária de um pequeno hotel na cidade balnear de Kiotari, um dos epicentros do incêndio no fim-de-semana, disse que os seus 200 hóspedes - principalmente da Alemanha, Reino Unido e Polónia - foram retirados do local em carros alugados.
O homem acrescentou que ajudou a combater as chamas por perto com a ajuda de alguns membros da sua família. "No sábado, quando vi o vento e que não havia aviões, disse a todos 'vamos queimar hoje'", disse. "O meu pai salvou o hotel. Liguei-lhe e ele não quis ir embora. Disse-me "se eu sair, não haverá hotel"."
John Hatzis, dono de três hotéis não afectados no norte de Rodes, disse que a ilha precisa receber de volta os turistas. "Depois dos esforços sobre-humanos para conter o fogo, precisamos de esforços sobre-humanos para reiniciar o turismo agora", disse ele.
Rodes, uma das maiores ilhas da Grécia, está entre os seus principais destinos de verão, atraindo cerca de 1,5 milhões de turistas estrangeiros nos meses de Verão.
Cerca de 20 mil pessoas tiveram que deixar casas e hotéis em Rodes no fim-de-semana, quando o inferno se espalhou e atingiu estâncias de turismo na costa sudeste da ilha verdejante, depois de carbonizar terras, matar animais e danificar edifícios.
Depois de, em 2018, um incêndio na cidade costeira de Mati, a leste de Atenas, ter matado 104 pessoas, a Grécia adoptou uma abordagem mais proactiva em relação às evacuações. Mas os críticos dizem que não melhorou sua capacidade de apagar incêndios que são comuns no Verão, embora mais intensos na onda de calor deste ano. A Grécia também se debate com houve incêndios na ilha de Corfu.
Este país registou temperaturas muito elevadas nas últimas semanas e que, segundo os especialistas, podem continuar a subir até quarta-feira para ultrapassar os 44 graus Celsius em algumas áreas.
Mais de 2000 turistas já regressaram a casa de avião na segunda-feira e os operadores turísticos cancelaram as próximas viagens. A TUI suspendeu os voos para Rodes até sexta-feira. A empresa disse que tinha 39.000 clientes em Rodes na noite de domingo.
O turismo representa 18% da produção económica da Grécia e um em cada cinco postos de trabalho. Em Rodes e em muitas outras ilhas gregas, a dependência do turismo é ainda maior.