Forte travagem nos Certificados de Aforro: só foram subscritos 670 milhões em Junho

Os dados do mês passado — o primeiro da nova série com juros mais baixos — representam a menor variação percentual dos últimos 12 meses e, em termos nominais, o menor crescimento desde Agosto de 2022.

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Portugueses têm vindo a apostar em Certificados de Aforro. Ricardo Lopes
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As famílias portuguesas subscreveram, em Junho, 670 milhões de euros em Certificados de Aforro (CA), segundo dados do Banco de Portugal, números que reflectem uma forte desaceleração na procura por este tipo de investimento sem grande risco em títulos de dívida pública.

O volume aplicado em Certificados de Aforro atinge agora, em termos acumulados, os 33.220 milhões de euros, depois de um crescimento de 2% face aos 32.550 milhões contabilizados em Maio. Trata-se da menor variação percentual dos últimos 12 meses e, em termos nominais, do menor crescimento desde Agosto de 2022, quando tinham sido acrescentados a este stock cerca de 627 milhões de euros em novas subscrições.

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Esta evolução denota a perda de interesse na nova série de Certificados de Aforro, que foi lançada no início de Junho, em substituição da série E, que captou quase 13 mil milhões de euros da economia privada entre Janeiro e o seu fim. Em Maio, último mês de vida dessa série E, tinham sido subscritos 2226 milhões de euros em Certificados de Aforro, isto é, três vezes mais do que o montante subscrito no primeiro mês de vida da nova série F, que tem uma remuneração mais baixa.

Na série E, a taxa de juro anual a pagar em cada trimestre equivalia à Euribor a três meses mais um ponto percentual, com um valor máximo de 3,5%. Ora, desde Fevereiro deste ano que a taxa Euribor a três meses rondava os 2,5% e em Março já estava acima de 2,7%, o que garantia a remuneração máxima permitida aos aforradores. Isto sem contar com o prémio de permanência (que podia ser de mais 1%).

Na actual série F, o Governo cortou a remuneração máxima para 2,5% e acabou com o prémio de subscrição (de 1%), cortando ainda nos prémios de permanência.

Mesmo assim, em termos brutos, o rendimento dos Certificados de Aforro é superior ao que oferecem os novos depósitos a prazo, já que a banca portuguesa continua a remunerá-los bastante abaixo dessa meta.

Claro que, em termos líquidos, também os Certificados de Aforro têm um rendimento negativo, quando se tem em conta a taxa de inflação. Mas face à remuneração modesta dos depósitos a prazo, que atingiu em Maio os 1,26% para os novos depositantes, a série F continua a despertar algum interesse, embora com um crescimento muito inferior ao ritmo dos primeiros seis meses de 2023.

A mudança de série nos Certificados de Aforro gerou muitas críticas, por se entender que este veículo de poupança era a única alternativa relevante aos depósitos a prazo mal remunerados pela banca.

As famílias portuguesas foram aliás as que, dentro da zona euro (os 20 países, depois da adesão da Croácia, que usam a moeda única europeia), mais depósitos levantaram nos primeiros cinco meses do ano, cerca de 9000 milhões de euros. Parte desse montante terá sido transferido para os Certificados de Aforro, com as novas subscrições desse período a equivalerem a um aumento de 65% do stock de Certificados de Aforro subscritos.

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