Portugal já fez história, agora quer fazer a festa
Selecção nacional feminina de futebol defronta neste domingo os Países Baixos no que será o seu primeiro jogo num Mundial. Portuguesas querem surpreender.
Para estreia era difícil ser mais exigente. Portugal dá neste domingo (8h30, RTP) o pontapé de saída na sua primeira participação de sempre num Campeonato do Mundo feminino de futebol e vai ter pela frente a selecção dos Países Baixos, “apenas” a actual vice-campeã mundial. Com o favoritismo todo a pender para as neerlandesas à selecção nacional cabe provar que a qualificação inédita para este Mundial, que se disputa na Nova Zelândia e na Austrália, não foi fruto do acaso, mas sim da qualidade do seu futebol que tem vindo a melhorar quase que jogo após jogo.
A missão não é impossível, mas é exigente. Num Grupo E que integra ainda os Estados Unidos (actuais bicampeãs mundiais depois dos títulos de 2015 e 2019) e Vietname, pontuar frente às neerlandesas é muito importante para atingir o objectivo que está na mente de todos: ficar num dos dois primeiros lugares do grupo e atingir os quartos-de-final da prova.
As portuguesas até já mostraram que podem ser capazes. Há cerca de um ano, Portugal e os Países Baixos também se defrontaram numa fase final de uma competição internacional — o Europeu, no caso. E a selecção nacional recuperou de um 0-2 para um 2-2, cedendo apenas nos minutos finais, acabando derrotada por 3-2.
A favor das cores nacionais está ainda o facto de Vivianne Miedema, recordista de golos pela selecção “laranja” (95 em 115 jogos), não poder jogar devido a lesão.
No entanto, não falta qualidade nas vice-campeãs mundiais. Destaque para Jill Roord. Filha do antigo futebolista René Roord, tem excelente técnica, joga bem com os dois pés e possui uma qualidade de passe impressionante. A somar a tudo isto, esta avançada sabe marcar golos e já leva 21 em 86 internacionalizações.
Outro nome a sobressair na selecção “laranja” é Esmee Brugts, com apenas 19 anos. Apelidada de prodígio Brugts jogou na equipa masculina do FC Binnenmaas enquanto lhe foi permitido antes de passar a vestir a camisola da formação feminina do PSV Eindhoven. Apesar de ter sido sempre avançada, o seleccionador Andries Jonker tem apostado nela mais como ala, entregando-lhe todo o flanco esquerdo, num esquema táctico em que a pressão sobre a equipa adversária é feita o mais cedo e perto da área contrária possível.
Portugal pode, por isso, contar com essa pressão, em especial nos minutos iniciais da partida, algo que o seleccionador Francisco Neto já deve ter transmitido às suas jogadoras.
Portugal também tem as suas ausências. Kika Nazareth, que se lesionou a 1 de Julho, dia em que Portugal empatou a zero no terreno da Inglaterra, actual campeã europeia, continua a treinar-se com limitações, não devendo ainda ser opção para a partida com as neerlandesas. E numa equipa com menor experiência internacional como a portuguesa cada ausência tem um peso bem maior do que numa equipa como a neerlandesa.
Mesmo assim, apesar da diferença de currículo das duas selecções e das disparidades que ainda separam a realidade do futebol feminino nos Países Baixos (17 milhões de habitantes; um milhão de atletas federados; 180 mil femininos) e em Portugal (10 milhões de habitantes; 213 mil federados; 9 mil femininas), a selecção nacional parte com ambição e o recente nulo, no tal dia 1 de Julho, contra a campeã europeia, dá confiança de que depois de terem feito história as portuguesas podem fazer a festa.