Juros voltam a representar 50% da prestação da casa

Taxa de juro implícita nos contratos de crédito à habitação realizados nos últimos três meses está agora nos 4,132%, um máximo de 11 anos, desde o tempo da troika.

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Manuel Roberto
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O peso médio dos juros sobre a prestação da casa ultrapassou os 50% em Junho, quando há um ano representava apenas 16% do total. As contas são do Instituto Nacional de Estatística (/INE), que divulgou esta quarta-feira os últimos dados sobre as taxas de juros implícitas no crédito à habitação, referentes ao mês de Junho passado.

Sobre o título “Juros representam mais de metade da prestação pelo segundo mês consecutivo”, a análise do INE determina que “considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação mensal fixou-se em 361 euros em Junho” em Portugal.

São mais nove euros que em Maio passado, na variação em cadeia, e mais 100 euros que em Junho de 2022, na variação homóloga, o que significa um aumento de 38,3%.

Dos 361 euros, sublinha o instituto estatístico nacional, uma maioria de 53%, ou 192 euros, corresponde ao pagamento de juros e outros 47%, ou 169 euros, equivalem a capital amortizado. O que quer dizer que, da média da prestação paga, actualmente mais de 50% vai para serviço da dívida pelo crédito contratado, agora que as taxas Euribor associadas estão há mais de 18 meses a subir.

Por comparação, salienta o INE, há um ano, em Junho de 2022, “a componente de juros representava apenas 16% do valor médio da prestação”, cujo valor médio era na altura de 261 euros.

No total, a taxa de juro implícita “no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 3,649% em Junho”, adianta o instituto, “o valor mais elevado desde Abril de 2009”, o que significa um máximo de mais de 14 anos, “traduzindo uma subida de 25,1 pontos base (p.b.)”, ou 0,251 pontos percentuais, face a Maio imediatamente anterior, quando ficara nos 3,398%.

Nos valores mais elevados desde o segundo ano da troika em Portugal (há 11 anos) está a taxa de juro implícita nos créditos à habitação mais recentemente contratados. Diz então o INE que “nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro subiu de 3,882% em Maio [de 2023] para 4,132% em Junho [passado], atingindo o valor mais elevado desde Maio de 2012”.

Em Junho, o capital médio em dívida para a totalidade dos contratos “subiu 127 euros face ao mês anterior, fixando-se em 63.296 euros”. Um valor que passa quase para o dobro nos créditos mais recentes: “para os contratos celebrados nos últimos três meses, o montante médio em dívida foi 122.570 euros”, explica o INE, ainda assim “menos 1495 euros que em Maio”, acrescenta.

As taxas de juros Euribor, a que estão associados os créditos de particulares e empresas contratados com a banca comercial à taxa variável, registaram esta quarta-feira uma descida nos três prazos, segundo noticia a agência Lusa: a taxa a 12 meses, que actualmente é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, baixou para 4,121%, menos 0,039 pontos; no prazo de seis meses também caiu, ao ser fixada em 3,937%, menos 0,025 pontos do que na terça-feira; e a três meses recuou para 3,646%, menos 0,059 pontos percentuais do que no dia anterior.

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