PCP rejeita ideia de que país seja um “caos” e diz que há “gente séria e honesta”
Paulo Raimundo considerou que a privatização da TAP, decidida pelo Governo de António Costa, é um “crime político e económico”.
O secretário-geral do PCP rejeitou este domingo a ideia de que o país seja o “caos” que afirma passar diariamente nas televisões, defendendo que “há gente séria e honesta” empenhada em levar o país para a frente.
“Apesar das notícias que vamos ouvindo, apesar dos casos e muitos que conhecemos, apesar disso tudo, o país não é isso. Aqui há gente séria, aqui há gente honesta, aqui há gente capaz de construir o caminho que interessa aos trabalhadores e ao povo”, defendeu Paulo Raimundo, num comício da festa/convívio da CDU, que decorreu na Praia Fluvial de Merelim (São Paio), no distrito de Braga.
No discurso, o líder dos comunistas referiu-se unicamente ao “escândalo da Altice”, antiga PT, alvo de buscas e de investigação centradas na venda de património, para criticar as privatizações levadas a cabo no país ao longo dos anos, lembrando os CTT, a REN, a EDP e a Galp, “património que o Estado entregou ao sector privado”.
Foi nesse enquadramento que Paulo Raimundo falou sobre a questão da privatização da TAP, considerando a decisão do Governo liderado por António Costa de “crime político e económico”.
“Que jeito lhes daria se assistíssemos sentadinhos no sofá à apropriação das riquezas do país e que déssemos por perdida a TAP. A TAP, a maior empresa exportadora nacional, não aceitamos que seja entregue aos interesses do grande capital. Perderiam os trabalhadores, perderia o país”, frisou o secretário-geral do PCP, perante dezenas de apoiantes, que o iam aplaudindo.
Paulo Raimundo abordou também aquilo que chamou de “propaganda da economia”, que “cresce por todos os lados, mas os trabalhadores e as populações não sentem nada”, criticando ainda os “casos e casinhos” que desviam o foco dos problemas dos portugueses.
“A conversa da inflação que baixa, mas os preços não baixam, o custo de vida aumenta na mesma proporção que crescem os lucros. A campanha de propaganda de grande dimensão onde tudo é assunto menos a vida e os problemas concretos, onde tudo é importante menos a realidade da vida, onde os casos e casinhos ganham centralidade e a vida de quem trabalha, as dificuldades de quem trabalhou uma vida inteira, passam ao lado”, lamentou o líder do PCP.
Nessa linha, o secretário-geral do PCP considerou “demagógica e perigosa a campanha de ataque aos partidos e à democracia, que procura criar a ideia de caos generalizado”.
“Da nossa parte falamos do que importa, falamos do que é necessário e urgente, falamos das soluções para a vida, falamos de um país de presente e de futuro, e que tem gente capaz de o levar por diante. Enquanto outros querem o acessório, nós queremos soluções para os problemas. Enquanto outros procuram iludir, nós queremos aumento geral dos salários e das pensões”, declarou Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP abordou igualmente alguns assuntos locais, como a construção do edifício de cirurgia de ambulatório do Hospital de Braga, obra proposta pelos comunistas, mas “chumbada por PS, PSD, IL, Chega”, mas da qual, segundo Paulo Raimundo, nem o partido nem os profissionais e os utentes vão desistir.
Sobre as creches, o líder dos comunistas lembrou que o que o país precisa “é de criar mais creches públicas que respondam às longas listas de espera”, dando como exemplo “os 900 pedidos em lista de espera nas dezenas de instituições em Guimarães”, no distrito de Braga.
Quanto aos transportes, o secretário-geral do PCP reiterou que o partido também não vai abdicar da ligação ferroviária directa entre Braga e Guimarães e da intermodalidade tarifária na região.