Em prova: Os Verdes rosados estão cada vez mais apetecíveis

Uma prova cega para confirmar que os rosados da região dos Vinhos Verdes não fogem à tendência global de crescimento – em volume, sim, mas sobretudo em qualidade e diferenciação.

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Em prova: 14 vinhos que demonstram a tendência de crescimento do segmento dos rosés na região dos Vinhos Verdes
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O mundo dos vinhos está a tornar-se cor-de-rosa e os Vinhos Verdes não fogem à regra. Longe vão os tempos em que os rosados não eram encarados como vinhos a sério e apenas o “espadal” era olhado com condescendência, sobretudo pela tradição de um vinho leve e refrescante para as tardes quentes de Verão.

Mas as coisas mudaram muito depressa e os consumidores parecem cada vez mais devotos dos rosés, uma tendência que tem sido liderada pela França e pelos Estados Unidos, que em conjunto somam mais de metade do consumo global de rosés. Em França representam já mais de 30% do mercado de vinhos e globalmente há mais de uma década que o consumo desta categoria cresce de forma consistente acima a média do mercado.

Portugal não é excepção, e no que toca aos Vinhos Verdes os números confirmam claramente a tendência. Na última década, as vendas de rosados mais do que triplicaram, passando de cerca de 1,9 milhões de litros em 2012 para cerca de 6,5 milhões em 2022, o que representa a venda de mais de 8,5 milhões de garrafas de Vinho Verde rosado no ano passado.

Únicos e distintivos: o potencial do espadeiro

As razões são múltiplas, mas a qualidade está naturalmente à cabeça. A prova que fizemos com os vinhos que os produtores remeteram para a Comissão dos Vinhos Verdes mostra-o claramente. Vinhos leves, frescos, gulosos e apetecíveis, mas também cada vez mais estruturados, secos e gastronómicos, e por isso aptos para os mais diversos os momentos de consumo. A isto os analistas somam também uma componente de glamour (principalmente pela cor leve e aberta imposta pelo modelo provençal) e a crescente força de consumo que representam as mulheres e as novas gerações, claramente adeptas dos rosés.

Mas há também uma condição particular que aponta para a crescente aceitação dos rosados dos Vinhos Verdes, que é a casta espadeiro. Por enquanto exclusiva da região, tem características que permitem a elaboração de vinhos únicos e distintos. Desde logo a cor, que pode ir do rosa pálido às tonalidades salmão, mas sobretudo o aroma fresco com nuances de morangos, frutos silvestres e tropicais, sabor intenso e vincada acidez natural.

E a boa notícia é que os enólogos começam a trabalhá-la de forma distinta. Podem não ser melhores nem piores do que os rosés de outras regiões ou países. Mas são claramente únicos e distintivos. E isso representa um enorme potencial.

Quanto à prova – cega, note-se –, importa registar a grande multiplicidade de tonalidades, a mostrar que a região está ainda longe de um desejável (?) padrão, ao mesmo tempo que persiste ainda alguma tendência para vinhos com elevados teores de doçura e adição de gás carbónico.

Em contraponto, são cada vez em maior número os vinhos sérios e sedutores, com elegância, frescura, equilíbrio e tensão. Rosés de excelência como Covela e Quinta de Santa Teresa, seguidos de perto por Aveleda, Vilacetinho, Muralhas e Quinta da Lixa Pouco Comum.


Este artigo foi publicado no n.º 9 da revista Singular.

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