“Rock in Rio” Febras rejeita tornar-se “evento de massas (e de marcas)”. “Não perdemos o Norte”

“Não aceitamos menos do que ver cada um de vós num estado de pura e descarada alegria”, e “segurança”. Só entradas com reservas (”Modernices necessárias”, abrem 6.ª). Mas é festa até “a GNR chegar”.

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Um momento calmo na primeira edição do festival ao Febras DR
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Chegou a notificação dos advogados da organização do Rock in Rio Lisboa, chegou a explosão mediática, chegou a fama. Um comunicado inicial, acutilante e bem-humorado, dos organizadores do pequenino Rock in Rio Febras, um grupo de jovens da freguesia de S. Salvador de Briteiros, concelho de Guimarães, ligados à Casa do Povo local, alcançou dimensão nacional e andou nas bocas do país. O Rock in Rio Lisboa não queria que o pequeno grande evento de Briteiros usasse como apodo a sua designação protegida.

Uma luta Golias vs. David que acabaria por receber um gigantesco apoio por todo o país — e muitas críticas ao multitudinário evento com raízes no Brasil, ramificações internacionais e epicentro no parque da Belavista em Lisboa. Depois de milhares de artigos e exposição mediática, com notícias a dar conta de que já havia gente a preparar-se a ir de excursão ao Parque Fluvial de Briteiros de várias partes do país, o RiR acabaria mesmo por tentar pôr água na fervura do caso Febras com um comunicado: desejou "o melhor aos amigos do festival que acontece perto do Rio Febras" e deixou no ar a possibilidade de "colaborações incríveis e surpreendentes no futuro" ("quem sabe?").

Este domingo, foram os jovens do Festival de Rock que Acontece Perto do Rio Febras, que lançaram novo e realista comunicado dirigido aos "Festivaleir@s do Bem". Num texto aprumado divulgado nas redes sociais, escrevem que "infelizmente, chegou o momento de sermos responsáveis. Grandes ou pequenos, toca a todos", não sendo possível "este ano" retribuir "o carinho imensurável que temos vindo a receber".

Admitindo que "teria sido fácil ceder ao impulso de transformar o Febras num evento de massas (e de marcas)", garantem querer sempre seguir por bons caminhos: "Não perdemos o Norte".

No texto, explica-se como ter acesso ao festival, sendo que este será controlado em nome de "dois princípios fundamentais" ("de que nunca abdicaremos"): "A qualidade do evento e satisfação do nosso público", "a segurança de tod@s que rumam a Briteiros". Estes são os pilares e as explicações também são muito concretas: "Não aceitamos menos do que ver cada um de vós num estado de pura e descarada alegria", e o local deve manter-se "apto para albergar momentos de loucura benigna".

Os organizadores referem que foram feitos ajustamentos no espaço e infra-estruturas, aumentando "a capacidade inicialmente planeada". Mas não sendo o Parque Fluvial de Briteiros (fica aqui) um Parque da Belavista de Lisboa, nem os orçamentos, apoios e condições locais equiparáveis, há limites.

O acesso à festa mantém-se gratuito, mas é necessário reservar passes de acesso: "serão disponibilizados online" e prometem-se detalhes para breve (actualização: reservas em www.rockriofebras.pt, a partir das 10h de sexta-feira, dia 14 de Julho).

Entretanto, já foi divulgado o cartaz completo e, embora sem Ivete Sangalo confirmada, inclui nomes que podendo ser desconhecidos do grande público ("bandas e DJs do concelho de Guimarães") é quase certo que serão garantia de muita festa, dança e rock'n'roll: Quarta às Nove, Pedro Conde, Segundo Minuto, Alberto Dias, GASPEA, Gordilho, Ledher Blue, Juanito Caminante, smartini, Crocky Girl. O evento do Febras inclui "praça de restauração onde matar a fome e a sede" e na ementa, se há coisas que não vão faltar são muitas piadas ou, mais a sério, bifanas.

O “festival cujo nome não pode ser pronunciado” decorre a 22 de Julho e começa às 16h. Dura "até a GNR chegar". Aguarda-se comunicado de Rui Reininho e companhia a esclarecer que o artigo "a" se refere à literal Guarda Nacional Republicana e, obviamente não ao Grupo Novo Rock. Ou, quem sabe, a fazerem uma aparição surpresa nas dunas do rio Febras. Por esta altura, efectivamente, tudo é possível, afinal os GNR têm no seu historial um grande duplo álbum ao vivo que, pescadinha fluvial de rabo na boca, se chama Rock in Rio - Douro, no caso. E, nesta obra seminal do rock português, já se ouvia Reininho e a alma mater do Grupo de Cantares de Manhouce, Isabel Silvestre, cantarem: "Nem guerra, bairro ou corte / É a pronúncia do Norte".

Quanto a Ivete Sangalo, nada se sabe.

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