O SNS está a passar pelo “momento mais difícil”. “Bola está do lado” do Governo, diz sindicato dos médicos

Sindicato Independente dos Médicos reuniu-se com o ministério. Mantém “grande preocupação” face à proposta do Governo para revisão das grelhas salariais, tendo apresentado uma contraproposta.

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Sindicalista falou à saída da reunião com o ministério Miguel Manso
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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirmou esta quarta-feira que a "bola está do lado" do Governo nas negociações sobre as carreiras e alertou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a passar pelo seu "momento mais difícil".

"Devo dizer, não sendo catastrofista, que, se não houver um investimento sério no SNS salários, condições de trabalho, equipamentos e instalações –, corremos o sério risco de o SNS se esfrangalhar. Estamos, de facto, no momento mais difícil e mais delicado do SNS", adiantou à Lusa o secretário-geral do SIM.

O sindicalista falava após mais uma reunião com o Ministério da Saúde, no âmbito das negociações iniciadas ainda em 2022 e que deveriam ter terminado no final de Junho, de acordo com o calendário negocial previamente estabelecido entre as duas partes, mas que prosseguem esta semana.

Segundo Jorge Roque da Cunha, após o encontro desta quarta-feira, o SIM mantém a sua "grande preocupação" em relação à proposta apresentada pelo Governo para revisão das grelhas salariais dos médicos, tendo apresentado uma contraproposta ao Ministério da Saúde.

Esta contraproposta prevê que "pudesse haver uma melhoria efectiva para que, nos próximos dois anos, se pudesse recuperar os cerca de 20% do poder de compra que os médicos perderam nos seus salários", explicou o dirigente sindical, ao adiantar que está marcada uma nova reunião para a próxima semana.

"A bola está do lado do ministério", salientou ainda Roque da Cunha, assegurando que, no âmbito das negociações, o sindicato "tudo continuará a fazer para evitar a greve" de três dias que está prevista para a última semana de Julho.

De acordo com o secretário-geral do SIM, na reunião desta quarta-feira o Governo assumiu outra contraproposta no "sentido de garantir que não há qualquer perda de remuneração dos médicos" que trabalham nas unidades de saúde familiar, uma matéria que "levantava muitas dúvidas" e que teve agora uma "evolução positiva".

Em 30 de Julho, no último dia do prazo inicialmente previsto para as negociações, o SIM anunciou uma greve nacional para 25, 26 e 27 de Julho em protesto contra "a incapacidade" do Governo em "apresentar uma grelha salarial condigna".

As negociações começaram formalmente com a equipa do ministro Manuel Pizarro, mas as matérias a negociar foram acordadas com a anterior ministra, Marta Temido, que aceitou incluir a grelha salarial dos médicos do SNS no protocolo negocial.

Em cima da mesa estão as normas particulares de organização e disciplina no trabalho, a valorização dos médicos nos serviços de urgência, a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS e a revisão das grelhas salariais.