Médicos avançam para greve nacional em Julho e greve a horas extra em Agosto

Sindicato diz que greve será um protesto contra a incapacidade de o Governo apresentar uma grelha salarial digna.

Foto
Anúncio foi feito esta sexta-feira Manuel Roberto
Ouça este artigo
00:00
03:03

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou esta sexta-feira uma greve nacional para 25, 26 e 27 de Julho em protesto contra “a incapacidade” do Governo em “apresentar uma grelha salarial condigna”. A mais recente reunião com o Ministério da Saúde, esta sexta-feira, terminou sem acordo.

O anúncio foi feito em conferência de imprensa pelo secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, na sede do sindicato, em Lisboa. Roque da Cunha pediu que a Federação Nacional dos Médicos, que tem greve agendada para os dias 5 e 6 de Julho, se associasse ao protesto. Os profissionais do sector privado também foram convidados a aderir no dia 26 de Julho.

O Ministério da Saúde já agendou novas reuniões com os sindicatos dos médicos, disse fonte oficial do ministério ao final da tarde. Com a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), o Ministério reúne-se já nos dias 7 e 11 de Julho.

A paralisação anunciada pelo SIM enquadra-se num calendário mais vasto de greves, em várias modalidades e regiões, que começa em 24 de Julho com uma greve às horas extraordinárias nos centros de saúde e termina em 21 de Setembro com uma greve na região Norte.

Os protestos podem pôr afectar a resposta do sistema de saúde na primeira semana de Agosto, altura em que decorre a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, com a presença do Papa Francisco, uma vez que o SIM vai fazer greve às horas extraordinárias nos centros de saúde entre 24 de Julho e 22 de Agosto, bem como às horas extraordinárias nos hospitais no mesmo período.

O calendário de greves foi aprovado pelo Conselho Nacional do SIM, no dia em que o sindicato se reuniu com o Ministério da Saúde sobre várias matérias, incluindo a revisão das grelhas salariais dos clínicos do Serviço Nacional de Saúde, que o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) consideram fundamentais para um acordo com o Governo.

"Não podemos aceitar acordos que não são justos"

Nos últimos meses, as duas estruturas sindicais têm criticado o Ministério da Saúde por não ter formalizado uma proposta concreta de aumentos salariais.

Segundo Roque da Cunha, o SIM "tentou até à última hora evitar formas de luta", mas as propostas apresentadas pelo Governo foram "manifestamente insuficientes".

"Não podemos aceitar acordos que não são justos", afirmou, alegando que a tutela "não apresentou uma grelha salarial séria".

O SIM, que se revelou disponível para continuar as negociações, exige do Governo "seriedade e capacidade negocial".

"Tudo fizemos para atingir um acordo justo que combata a erosão de mais de 22% dos salários médicos nos últimos 10 anos", invocou o Conselho Nacional do SIM em comunicado.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM), por seu lado, disse aos jornalistas, após a reunião no Ministério da Saúde, que recebeu uma proposta de acordo de melhoria salarial que deixa “muitas dúvidas”.

“Foi-nos entregue uma proposta de acordo de princípio onde há alguma valorização salarial, mas que deixa muitas dúvidas em relação às condições de trabalho. A FNAM vai ter que analisar com muito cuidado. Isso vai ser feito amanhã, no Porto”, declarou Joana Bordalo e Sá, da FNAM.