75% das bilheteiras da CP encerradas devido à greve

Os trabalhadores criticam as desigualdades salariais, a falta de recrutamento e as más condições de trabalho nas bilheteiras. Os passageiros podem adquirir, em alguns casos, bilhetes electronicamente.

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As bilheteiras abertas têm trabalhadores que ainda estão no período de estágio Paulo Pimenta
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A greve desta sexta-feira nas bilheteiras da CP está a ter uma “adesão significativa”, com 75% encerradas em todo o país e as que se mantêm abertas têm trabalhadores que ainda estão no período de estágio, segundo o sindicato.

Em declarações à agência Lusa, Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), disse que esta “adesão significativa” dos trabalhadores mostra “o descontentamento existente na empresa”.

“Os trabalhadores sentem-se indignados com a empresa pelo facto de haver uma discriminação na atribuição do aumento intercalar, que em todas as empresas do sector empresarial do Estado foi igual para todos os trabalhadores e na CP foi diferenciado”, disse o responsável, acrescentando: “diferenciado, para pior, para os trabalhadores que têm mais baixos salários, como é o caso dos trabalhadores das bilheteiras, dos revisores e suas chefias directas”.

O sindicalista explicou que as bilheteiras que estão a funcionar têm elementos que “ainda estão no período de estágio e não puderam aderir à greve”. “Vontade de fazer greve teriam de certeza porque os seus salários são baixíssimos”, afirmou.

O responsável sindical salientou ainda que, “como forma de retaliação” ao facto de os trabalhadores terem denunciado as desigualdades salariais, a falta de recrutamento e as más condições de trabalho nas bilheteiras – “viveram-se temperaturas de 40 graus, sem climatização” - a CP “não aplicou o aumento complementar a estes trabalhadores”.

“Actualmente seremos os únicos trabalhadores do sector empresarial do Estado que não tiveram o aumento complementar [1%, no caso da CP 12,50 euros] decidido pelo Governo”, disse o responsável, lembrando que os trabalhadores estão a lutar por melhores salários pois “estão a ter muitas dificuldades para fazer face à inflação e ao aumento dos juros no crédito à habitação”.

Questionado sobre a justificação que a empresa apresentou para não atribuir o aumento complementar decidido pelo Governo, Luís Bravo respondeu: “teríamos obrigatoriamente de aceitar um acordo em que se dá um aumento salarial superior a uns trabalhadores”. “No fundo era, ou assinam, ou não recebem”, acrescento o sindicalista, apelando à “mediação das tutelas” para resolver este diferendo.

Esta semana, a CP – Comboios de Portugal já tinha alertado para as perturbações no funcionamento das bilheteiras e dos gabinetes de apoio ao cliente devido à greve desta sexta-feira, informando que os títulos de transporte poderiam ser adquiridos por outros meios.

Segundo o aviso divulgado no site da empresa, para os comboios Alfa Pendular, Intercidades, Regional, Inter-regional e Urbanos de Coimbra os passageiros podem recorrer à bilheteira online, à app CP, à linha de atendimento e a agências de viagens credenciadas.

Para os Urbanos de Lisboa e Porto os títulos estarão disponíveis nas máquinas de venda automática, nas estações, no Multibanco (passes e zapping) no caso de Lisboa e nos agentes Payshop para o Porto.

A CP informou ainda que, caso a bilheteira na estação de embarque esteja encerrada e não exista nenhum outro modo de venda disponível na área circundante à estação (200 metros além da zona limitada pela estação), o utilizador poderá, excepcionalmente, adquirir o seu bilhete a bordo do comboio, “desde que se dirija ao operador de revisão e venda, no momento do embarque e antes de ocupar lugar”.

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