Ucrânia receia ataque contra central de Zaporijjia e já se prepara para desastre

Na Rússia, o general Surovikin, próximo de Prigozhin, continua sem dar sinal de vida, mas o Kremlin não confirma nem desmente a sua detenção.

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Autoridades ucranianas organizaram exercícios para testar resposta a desastre nuclear em Zaporíjjia Reuters/STRINGER
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Acumulam-se os receios de que a central nuclear de Zaporijjia possa vir a ser alvo de um ataque, um cenário cada vez mais apontado como certo pela Ucrânia e que teria consequências imprevisíveis.

As autoridades da província no Sul do país começaram esta quinta-feira a organizar exercícios para responder a um potencial desastre nuclear na região que envolva a libertação de radiação, explica a Reuters. O Governo ucraniano acredita que a Rússia, que controla o local onde se encontra a central nuclear, está a planear um ataque terrorista.

Na semana passada, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de ter “tudo preparado” para levar a cabo um ataque contra a central sob seu controlo e garantiu que iria partilhar com os aliados ocidentais as informações recolhidas pelos serviços secretos ucranianos que suportam esta tese.

O objectivo seria o de prevenir qualquer avanço da Ucrânia na região, seguindo o exemplo do que aconteceu com a Barragem de Kakhovka, que colapsou no início do mês. Vários indícios apontam para que tenha sido a Rússia a orquestrar o desastre com o intuito de travar o progresso da contra-ofensiva das forças ucranianas em torno do rio Dnieper.

Receando esse cenário, as autoridades ucranianas iniciaram uma série de exercícios preventivos com a população civil em que é simulado um desastre nuclear. Imagens televisivas mostravam esta quinta-feira membros da agência de protecção civil fardados com uniformes de protecção e máscaras de gás enquanto testavam automobilistas com recurso a dosímetros, descreve a Reuters.

“O objectivo da iniciativa é coordenar as acções de todos os serviços na eventualidade da ameaça real de uma situação de emergência na central nuclear de Zaporijjia”, explicou, através do Telegram, o governador da província de Kherson, Oleksander Prokudin, onde também se realizaram exercícios semelhantes.

General em xeque

Na Rússia, as consequências da rebelião falhada protagonizada pelos mercenários do grupo Wagner continuam a fazer sentir-se. Por apurar permanece o paradeiro do general Serguei Surovikin, que é considerado próximo do líder da Wagner, Yevgeny Prigozhin (Ievgueni Prigojin, segundo a transliteração portuguesa), e que terá sabido de antemão dos planos para a insurreição.

Esta quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse nada saber sobre a localização actual do general e reencaminhou qualquer esclarecimento para o Ministério da Defesa. Questionado sobre se o Presidente russo, Vladimir Putin, mantinha a confiança em Surovikin, Peskov foi evasivo. “Ele é o comandante supremo das Forças Armadas e trabalha com o ministro da Defesa e com o chefe do Estado Maior do Exército”, disse o porta-voz, voltando a referir que cabe ao Ministério da Defesa pronunciar-se acerca de “unidades estruturais dentro” da hierarquia militar.

Surovikin é um dos generais mais respeitados da Rússia, conhecido como “general Armagedão” por causa das suas tácticas agressivas na guerra da Síria, onde se notabilizou, antes de se ter tornado no comandante das forças russas na Ucrânia. Em Janeiro passou a “número dois” da cadeia de comando na chamada “operação militar especial”, atrás do general Valeri Guerasimov, actual chefe do Estado-Maior do Exército e um dos alvos da ira de Prigozhin.

Por não ser visto publicamente desde sábado, e por ser conhecida a sua proximidade com o líder do grupo Wagner, têm-se multiplicado as teorias de que Surovikin possa estar sob custódia dos serviços de segurança da Rússia. O Financial Times citava três fontes próximas do assunto que garantiam que Surovikin tinha sido detido. Esta quinta-feira, a filha do general, Veronika, negou que o pai esteja preso.

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