Marcelo pede a bancos centrais “muito cuidado” nas declarações públicas sobre juros

É preciso “muito cuidado no discurso”, porque este é um assunto “muito sensível”, defendeu o chefe de Estado.

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Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas no final do Fórum Jurídico de Lisboa LUSA/MIGUEL A. LOPES
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O Presidente da República pediu esta quarta-feira aos bancos centrais "muito cuidado" nas declarações que fazem em público relativamente à política monetária e, em concreto, sobre a evolução das taxas de juro, porque o aumento dos juros tem um "efeito de perturbação" na sociedade. As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa surgem dois dias depois de o chefe de Estado ter admitido estar curioso acerca da opinião dos banqueiros centrais relativamente à inflação e a uma possível viragem na política monetária prosseguida ao longo do último ano.

"Recordo-me de, não há muito tempo, ter ouvido banqueiros centrais dizer que os juros não iriam aumentar durante um período considerável", no entanto, agora, os mesmos dizem "que é possível que [as taxas de juro] possam aumentar não apenas neste ano", mas talvez também no próximo, começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações reproduzidas pela RTP3. Esta declaração do Presidente acontece um dia depois de a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ter avisado, no Fórum que o BCE realiza na Penha Longa, em Sintra, que as taxas de juro elevadas serão persistentes na área do euro.

Esta atitude "tem um efeito de perturbação nas pessoas, nas economias e nos mercados". Aquilo que se exige de governos, no geral, de autoridades políticas e dos bancos centrais "é muito cuidado no discurso que se tem, porque é [um assunto] muito sensível para o dia-a-dia das pessoas", continuou o chefe de Estado.

"Quanto mais cuidadosos [os bancos centrais] forem na previsão do futuro e em apontar pistas, melhor", uma vez que agravar as taxas de juro é sinónimo de mais dificuldades para as famílias. "Significa multiplicar por dois ou por três, num espaço de tempo recorde, a prestação da habitação. Ou então o lutar pela casa e contrair novo crédito", exemplificou o Presidente da República.

As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas ocorreram no encerramento do Fórum Jurídico de Lisboa, no final da tarde desta quarta-feira.

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