Exames nacionais: prova “equilibrada” e em linha com a do ano anterior, dizem professores de Matemática
A Associação de Professores de Matemática faz um primeiro comentário ao exame realizado esta quarta-feira por mais de 33 mil alunos.
O exame Nacional de Matemática A, realizado esta quarta-feira por 33.499 alunos, segundo as estatísticas divulgadas pelo Ministério da Educação, é uma “prova em linha com a do ano 2022, equilibrada”, considera a Associação de Professores de Matemática. Além disso, “o grau de exigência não é superior ao da prova da 1.ª fase de 2022, em que a primeira questão do exame é de resposta simples e directa”.
Para a associação, o exame desta quarta-feira está de acordo com as Aprendizagens Essenciais e o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, embora seja “talvez um pouco mais trabalhoso”. Em resposta escrita enviada ao PÚBLICO, o presidente da Associação de Professores de Matemática, Joaquim Pinto, nota que nas escolas sondadas pela associação quanto à permanência dos alunos no período de tolerância, a maioria utilizou os 30 minutos suplementares, o “que indicia que um aluno médio/fraco tivesse alguma dificuldade em conseguir terminar a prova no tempo total disponível”.
“Ressalve-se, no entanto, que não existe um item considerado fora do que é habitualmente trabalhado nas aulas”, assinala ainda a associação.
Quanto ao item 8 do exame, os professores de Matemática consideram que “a inserção da expressão (a(t+3)-a(t)) na calculadora pode levantar algumas dificuldades a um aluno pouco perspicaz devido a existirem modelos de calculadoras em que a inserção da expressão envolve muitos parênteses”.
Já a Sociedade Portuguesa de Matemática, num parecer enviado às redacções ao fim da tarde, considera que a prova é “bem construída e revela uma boa adequação” no que à avaliação de conhecimentos diz respeito. Além disso, concorda também que é um exame em linha com o da primeira fase de 2022 e que tem um grau de dificuldade médio.
“Contudo, notamos, como aspecto negativo, que continua a colocar no mesmo patamar alunos com desempenhos diferentes que podem obter classificações iguais”, nota ainda o parecer. “Tal facto deve-se à existência de itens (seis itens) em que apenas contribuem para a classificação final os três em cujas respostas o aluno obtenha melhor pontuação”, justifica a SPM.
E assinala: “Tal como em anos anteriores, a SPM tem vindo a apontar que discorda desta estrutura de prova, pois provoca insuficiências quanto à diferenciação dos desempenhos dos alunos e, naturalmente, arbitrariedades que impedem uma seriação no acesso ao ensino superior com critérios equitativos, principal propósito actual desta prova.”
Na óptica de SPM, introduzir “continuidade na estrutura [dos exames] seria muito pertinente, principalmente pelos problemas sentidos nas actividades escolares durante estes anos de perturbação escolar”.
Também a sociedade destaca o item 8 da prova. “É verdade que as calculadoras mais recentes já têm um tipo de escrita que facilita a inserção de expressões matemáticas, embora tal varie conforme a marca da calculadora, o que, à partida, cria desigualdades”, escreve a SPM, ao mesmo tempo que defende que “deveria existir o cuidado para que tal não acontecesse”.
Em 2022, a média do exame de Matemática A subiu 1,3 valores em relação a 2021, fixando-se nos 11,9 valores.