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Pintura de Klimt obteve recorde para leilão europeu com venda de 100 milhões de euros

Dama com Leque é uma das últimas obras pintadas pelo artista austríaco e foi adquirida por um coleccionador de Hong Kong por quase 100 milhões de euros.

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Detalhe de "Dame mit Fächer" (Dama com Leque), 1917-18, estava no cavalete do artista quando este morreu aos 55 anos IMAGNO/GETTY IMAGES
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O novo recorde europeu para uma obra de arte estabelecido na noite de terça-feira em leilão não é uma grande surpresa. O preço atingido pela pintura de Gustav Klimt, Dame mit Fächer (Dama com Leque), vendida pela Sotheby’s de Londres por 85,3 milhões de libras (99,2 milhões de euros), incluindo comissões, está dentro das expectativas para uma das últimas obras feitas pelo celebrado artista austríaco.

A base de licitação era de 65 milhões de libras (cerca de 80 milhões de euros), mas mesmo antes de o leilão começar já se sabia que havia pelo menos uma oferta a cobri-la. Foi também um recorde para uma obra do artista austríaco vendida em leilão — estabelecido por uma paisagem de bétulas no ano passado, Birch Forest — e ultrapassou os 65 milhões de libras dados por uma escultura de Alberto Giacometti, L’Homme qui marche I (O Homem que Caminha), em 2010, a preços da altura.

Bastaram dez minutos para que se ouvisse o som do martelo a anunciar o fim da disputa pelo lote 125, que era a estrela da noite do leilão dedicado à arte moderna e contemporânea, revelou a sede londrina da Sotheby’s em comunicado no site. Três dos licitadores eram asiáticos e a obra acabou vendida a uma consultora de arte de Hong Kong, Patti Wong, presente na sala, descreve o New York Times. O jornal norte-americano considera a venda da noite passada como um bom sinal para a recuperação do prestígio dos leilões londrinos abalado com o "Brexit".

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Obra acabou vendida à consultora de arte Patti Wong, em nome de um coleccionador de Hong Kong

“O preço estava dentro das nossas expectativas”, disse ao jornal norte-americano Patti Wong, que já foi responsável pela Sotheby’s Asia. A compra foi para um coleccionador de Hong Kong.

Pintor de mulheres

A pintura, que começou a ser executada em 1917, foi fotografada num cavalete no estúdio de Klimt em 1918, quando o artista morreu precocemente de gripe espanhola em 1918, aos 55 anos, no auge da sua carreira, “numa altura em que explorava uma nova abordagem da cor e da forma”. Trata-se do retrato de uma mulher desconhecida, provavelmente um dos modelos que costumavam posar para o pintor, que revela alguma nudez através do quimono entreaberto. O leque, encostado ao peito, contribui para o jogo do que deve ser escondido ou revelado, numa obra que estava à beira de ser terminada e é um exemplo de uma pesquisa mais diversificada em redor da cor.

Klimt, considerado um pintor de mulheres, fez vários retratos de figuras femininas da sociedade vienense, a mesma de Sigmund Freud, contribuindo para a criação de uma nova imagem da mulher.

Como é habitual em Klimt, o fundo do quadro, o seu último plano, confunde-se com as formas e cores usadas na definição do próprio retratado que surge no primeiro plano. Pode ser o ouro usado no retrato Adele Bloch-Bauer I ou, como aqui, em que as figuras do tecido do quimono parecem ter escapado para definir a decoração do fundo. Num jogo entre ilusão e realidade, a obra reflecte, como lembra a leiloeira, o fascínio do artista pela arte e cultura chinesa e japonesa. “Ele encheu a sua casa com porcelana chinesa e gravuras japonesas e vestia-se muitas vezes com quimonos de seda ou roupões chineses”, recorda a leiloeira num texto em que a apresentava a obra antes do leilão. Foi a Sotheby’s que, pela última vez, vendeu o quadro há quase 30 anos, em 1994, por 11,5 milhões de dólares num leilão em Nova Iorque.

A obra não é, porém, o preço mais caro pago por um Klimt. Em 2006, numa venda privada, Adele Bloch-Bauer I foi transaccionado por 135 milhões de dólares (mais de 105 milhões de euros) e adquirida pelo milionário da cosmética Ronald S. Lauder. Com uma história atribulada, pilhada pelo regime nazi aos seus proprietários judeus, foi devolvida a uma sobrinha norte-americana depois de um complexo processo judicial colocado contra o governo austríaco, na altura o proprietário da obra, e deu origem a um filme protagonizado por Helen Mirren em 2015. Dois anos depois, também numa transacção privada, Oprah Winfrey vendeu Adele Bloch-Bauer II por 150 milhões de dólares a um coleccionador chinês.

Klimt tem, definitivamente, um apelo asiático.

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