Rio mau e Montenegro bom? O problema é o “guru económico” dos dois, diz Costa

Costa criticou a estratégia fiscal do PSD lembrando que Joaquim Miranda Sarmento é contra a redução do IRS, “queria o aumento do IVA da restauração e tem uma visão económica errada do futuro do país”.

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António Costa acusou neste domingo as "oposições" de fugirem a "debater os problemas de fundo do país e a apresentar alternativas às soluções do PS", de só querer "discutir fait-divers, casos e casinhos, porque sabem que quando se fala de política a sério, da vida das famílias e empresas, quem tem soluções é o PS e quem não as tem são as oposições".

O secretário-geral do PS, que falava no jantar de abertura das jornadas parlamentares na Madeira, defendeu que os socialistas têm que "manter o rumo" e cumprir os compromissos que assumiram nas legislativas do ano passado com a marca do que diz ser a "boa governação do PS": "Termos as contas certas para haver sempre margem para acorrer ao imprevisto. Se não houvesse excedente em 2019 não podíamos responder à covid e agora não podemos ter um encargo demasiado pesado porque podemos ter que responder a um imprevisto no futuro", justificou.

Antes, Costa marcara a diferença entre o PS e o PSD em matéria fiscal. Lembrou que o PSD quer agora a redução do IRS, mas nas legislativas do ano passado defendia a redução do IRC para as empresas, apontando para 2025 ou 2026 uma redução de 800 milhões de euros do IRS "se as contas batessem certo".

"O PS disse: baixar IRC só para empresas que criam postos de trabalho, inovam, investem no interior e regiões autónomas, aumentam salários. Mas a prioridade é baixar o IRS para quem trabalha", vincou António Costa reportando-se à campanha eleitoral. "Quem votou no PS foi porque a sua prioridade era a redução do IRS."

"Podemos comparar o que o PSD queria e o que o PS queria e faz." As contas são do líder socialista: comparativamente às regras em vigor em 2015, hoje as famílias pagam menos 2000 milhões de euros de IRS do que pagariam com as regras do PSD; só em 2023 o IRS a pagar pelos contribuintes vai baixar quase tanto como o PSD prometia para o fim da legislatura e "até final de 2026 o IRS baixará o dobro do que o PSD propunha".

"O PSD pode dar o dito por não dito, mas quem reduziu e vai continuar a reduzir o IRS é o PS", apontou Costa. "E não venha dizer que mudou de liderança, que o PSD mau era o de Rui Rio e que agora é o PSD bom de Luís Montenegro. Para azar dos dois, o guru económico continua a ser o mesmo: o líder parlamentar do PPD/PSD, o homem que era contra a redução do IRS, que queria o aumento do IVA da restauração e que tem sempre uma visão económica errada para o futuro do país", criticou António Costa sobre Joaquim Miranda Sarmento, seu interlocutor nos debates no plenário.

"Determinação reformista" para manter o rumo

"Manter o rumo", segundo o secretário-geral do PS e primeiro-ministro é respeitar os compromissos como os de ter uma década de convergência de crescimento com a União Europeia (a excepção desde 2016 foi 2020 devido à pandemia), ter 80% da energia vinda de fontes renováveis até 2026 (actualmente são 70%), aumentar o peso dos salários no PIB até 48%. A que somou os de ter 26 mil novos fogos de habitação pública, construir cinco novos hospitais, e retirar da pobreza 170 mil crianças.

António Costa defende ser preciso fazer tudo isso com as "contas certas", com "determinação reformista" e "coragem". "Toda a gente quer fazer reformas, mas quando chega o momento, há muito poucos a dar a cara para as fazer." Exemplos? Na habitação e nas ordens profissionais.

"Ouvem-se os bastonários a protestarem porque está a haver reforma das ordens. É difícil, nem a troika conseguiu. Mas nós não vamos fazer a reforma das ordens profissionais por causa da troika", afirmou, contrariando um dos argumentos que tem sido usado pelos socialistas de que a reforma era um compromisso já antigo com Bruxelas e que até está na contratação do PRR.

Costa argumentou que a razão principal é garantir aos jovens licenciados que "têm acesso à profissão sem que as ordens imponham barreiras à entrada" mas também que têm "direito a estágio remunerado", e ainda para "valorizar os salários". Porque os jovens licenciados devem ter um salário "compatível com o esforço de qualificação e das famílias na formação", este tem que ser 25% superior ao salário mínimo e "para empurrar os salários todos para cima".

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